Representantes de setores empresariais se reuniram na manhã deste sábado (20) com o prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo e decidiram sair em defesa do respeito ao modelo de cogestão do distanciamento controlado. Em manifesto divulgado nesta tarde, 13 entidades representativas solicitam a manutenção do modelo de gestão compartilhada das bandeiras e pedem que as atividades econômicas sigam operando de portas abertas, especialmente na região metropolitana.
Em nota, o coletivo diz que os setores estão com recursos esgotados e que medidas econômicas que anteriormente garantiam fôlego às operações já não fazem mais parte da realidade. "Não temos condição alguma de arcar com os impactos de medidas que imponham restrições duras de funcionamento, suspendendo atendimentos presenciais ao público, reduzindo capacidade de atuação e bloqueando operações e realizações de eventos, por exemplo, entre outras consequências", afirmam as entidades.
A presidente da Abrasel no RS, Maria Fernanda Tartono, salienta, ainda, que não são espaços como bares e restaurantes que contribuem com a disseminação do vírus. Além disso, "municípios como Porto Alegre e as cidades da região metropolitana precisam de regras próprias devido a suas características demográficas e necessidades específicas", sustenta Maria Fernanda.
Em vídeo publicado em uma rede social, Sebastião Melo ressaltou que "não é a abertura responsável dos negócios das cidades o causador do aumento das internações nas nossas UTIs". Melo defendeu "não fechar a cidade", mas combater festas clandestinas e aglomerações em frentes a bares ou nas praias gaúchas.
Leia o manifesto na íntegra:
Manifesto em defesa do modelo de cogestão do distanciamento controlado no Rio Grande do Sul
Diante da decisão recente do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em alterar as bandeiras do mapa preliminar de distanciamento controlado no RS, as entidades, que representam setores fundamentais da nossa economia, abaixo assinadas, manifestam-se em defesa do modelo de cogestão do distanciamento controlado, especialmente no município de Porto Alegre, mas também em apoio à manutenção do sistema nos demais municípios do Rio Grande do Sul.
Compreendemos que a cogestão representa a tomada de decisões focada nas particularidades de cada localidade e que, respeitando o exercício democrático que elege representantes municipais a partir do voto popular, garante a adoção de protocolos de bandeira inferior à atual vigente, dando autonomia e atribuindo confiança nas decisões de cada gestor municipal.
Ainda, com a cogestão, todas as análises e dados epidemiológicos de cada cidade seguem sendo levados em consideração, assegurando o distanciamento interpessoal e as normas de higienização, mas não temos mais ambiente possível para assumir o ônus da bandeira preta em nossa Capital Gaúcha.
Nossos recursos estão esgotados. Medidas econômicas que anteriormente garantiam fôlego às nossas operações já não fazem mais parte de nossa realidade, e não temos condição alguma de arcar com os impactos de medidas que imponham restrições duras de funcionamento, suspendendo atendimentos presenciais ao público, reduzindo capacidade de atuação e bloqueando operações e realizações de eventos, por exemplo, entre outras consequências.
Pedimos um especial destaque nesta mensagem: não temos condições de fechar as portas. Não temos condições de reduzir ou realizar adaptações em nossas operações. Não há recursos, estoques ou meios para que isso aconteça. Este é um relato profundo e sincero de profissionais que encontram-se no limite. Estamos à beira de um colapso na economia gaúcha e não podemos correr estes riscos.
Reiteramos que os setores empresariais não são culpados por esse novo aumento de contágio do Coronavírus. Nossos estabelecimentos não são fontes propagadoras do vírus e, desde o início da pandemia, estamos tomando todos os rigorosos cuidados com protocolos de higiene e sanitização para preservar a nossa saúde, de nossos funcionários e de nossos clientes, oferecendo ambientes seguros. Portanto, não podemos pagar a conta - que é extremamente cara - desse momento.
Entendemos também que os poderes precisam estabelecer critérios firmes de combate às aglomerações que, conforme foram constatadas por toda a sociedade gaúcha, acontecem, sobretudo, nas praias e nas festas clandestinas. Além disso, as testagens rápidas precisam ser ampliadas, de modo que tenhamos um diagnóstico em tempo real da contaminação e que os agentes de saúde possam agir de forma assertiva e urgente nos tratamentos destes infectados.
Por fim, pedimos que a população assuma seu importante papel na ação rápida de enfrentamento deste grave momento, realizando a manutenção das atitudes que podem preservar vidas e colaborar com a continuidade de nossas atividades, evitando grandes aglomerações, fazendo o uso contínuo e correto da máscara e realizando constante higienização das mãos.
Todos esperamos pelo fim da pandemia, mas somente a ação coletiva nos colocará mais próximos deste objetivo. A cogestão do distanciamento controlado por parte das prefeituras precisa prevalecer, em nome de um horizonte minimamente viável e consciente para cada cidade do nosso Estado.
Assinam o manifesto:
Sindha - Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região
SHPOA - Sindicato de Hotéis de Porto Alegre
Sindilojas Porto Alegre
CDL/POA - Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre
Fecomércio-RS
Associação Gaúcha do Varejo - AGV
Abrasel RS - Associação Brasileira de Bares e Restaurantes
Convention & Visitors Bureau de Porto Alegre e Região Metropolitana
Grupo de Live Marketing do RS
ACCB - Associação dos Comerciantes da Cidade Baixa
AGEPES - Associação Gaúcha de Empresas e Profissionais de Eventos
ABIH RS - Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Sul
Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Erechim