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Cultura

- Publicada em 21 de Agosto de 2019 às 03:00

Água é elemento presente em vários filmes do Festival de Gramado

Longa gaúcho 'Raia 4' é apenas um dos filmes em Gramado que tem a água como cenário

Longa gaúcho 'Raia 4' é apenas um dos filmes em Gramado que tem a água como cenário


BOULEVARD FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Caroline da Silva
Seja nos rios, no mar, vindo das geleiras, na chuva, piscina, chuveiro ou banheira, a água tem sido protagonista nos filmes exibidos neste 47º Festival de Cinema de Gramado. O ambiente aquoso, como bem disse o diretor porto-alegrense Emiliano Cunha, é a base de seu título Raia 4, sobre o universo da natação competitiva em categorias infantojuvenis.
Seja nos rios, no mar, vindo das geleiras, na chuva, piscina, chuveiro ou banheira, a água tem sido protagonista nos filmes exibidos neste 47º Festival de Cinema de Gramado. O ambiente aquoso, como bem disse o diretor porto-alegrense Emiliano Cunha, é a base de seu título Raia 4, sobre o universo da natação competitiva em categorias infantojuvenis.
Este, que é seu primeiro longa individual, foi exibido na mostra nacional no sábado e hoje retorna ao Palácio dos Festivais, às 13h30min, concorrendo entre os títulos gaúchos em longa-metragem. O diretor viajou ainda no fim de semana para Quito, no Equador, onde a obra também participa de festival. Antes, Cunha conversou com o público sobre a história da adolescente Amanda, interpretada por Brídia Moni.
Cunha contou que, no roteiro, a construção da Amanda foi pensada pela perspectiva da afetividade, da intimidade: "Havia um descompasso do afeto dos pais com a filha". O diretor, hoje nadador apenas recreativo, participou de competições dos 8 aos 20 anos, treinando em clubes com rotinas pesadas. "Muito daquilo eu vivi", explica o cineasta, referindo-se também aos episódios clássicos da adolescência, dos jogos e brincadeiras, das descobertas do corpo e sobre o lugar no mundo. "Foi fácil escrever porque eu estaria dentro do filme."
O realizador afirmou gostar de trabalhar em um registro mais realista, por isso o gestual era muito caro a ele: "Corpos que contam histórias". Então, optou por utilizar nadadores de verdade para transpor o ambiente das piscinas para a ficção. De 140 crianças e adolescentes da Região Metropolitana de Porto Alegre, o grupo foi reduzido a 35 atletas, que tiveram atividades com a preparadora de elenco Liane Venturella. Depois, 14 meninos e meninas foram selecionados e passaram por três meses de preparação com a atriz.
Segundo o diretor, na obra, o olhar é âncora e incógnita: "Um olhar que suporta uma pressão que vem de diferentes formas e lugares, que vai cozinhando naquele corpo tão pequeno". A equipe contou que, no set, surgiu a expressão "amandismos", sobre como a protagonista desfere olhares de canto de olho durante as cenas. O montador Vicente Moreno, ao receber as tomadas brutas, percebeu que microgestos do olhar eram fundamentais para construção do filme e isso precisava ser potencializado na edição.
Como o lugar da Amanda é embaixo d'água - onde ela mergulha e permanece mais tranquila no fundo da piscina, por diversas vezes na narrativa -, o ponto de vista confortável para a protagonista é este. E, nestas sequências, o corpo definido porém ainda sem curvas da garota também funciona como âncora para as reflexões de como aquela personagem vai se posicionar no mundo.
Outro longa na competição entre os brasileiros também tem no papel principal feminino a forte ligação com o espaço líquido. Estrelado por Bruna Marquezine, em sua estreia no cinema, o título Vou nadar até você, de Klaus Mitteldorf e Luciano Patrick, já entrega muito da trama, que deve estrear nos cinemas do País entre outubro e novembro de 2019.
Ophelia, jovem protagonista, moradora de Santos apaixonada por fotografia, descobre pelo jornal que um artista alemão que desconfia que seja seu pai vai realizar um documentário, Ondas, em Ubatuba, também no litoral paulista. Após a morte da avó, com sua mãe ainda se negando a falar sobre seu pai, ela resolve partir em busca daquele homem, o famoso Tedesco (cujo significado em italiano é justamente alemão), no que acabará sendo uma jornada de autoconhecimento.
Com belas imagens interativas de natureza, o filme também trabalha os movimentos do corpo na água. Bruna conta que fez aulas de natação em clube. "Conversei com nadadores e vi como é sagrado estar na água. Com o Klaus, sempre trabalhamos esta imagem dela como um peixe", comentou a atriz.
Numa das raras conversas afetivas com sua mãe (outra semelhança com Raia 4), a moça ouve dela, com carinho, que foi concebida na água. Em um momento mais definitivo da narrativa, questionada por Smutter (personagem de Fernando Alves Pinto) sobre se ela já sabe quem é, a protagonista responde: "Sou água".
Representante gaúcho na mostra nacional de curtas, A pedra, de Iuli Gerbase, destaca o rafting de Três Coroas, com tensão dramática nas corredeiras do rio Paranhana. E as cachoeiras e a umidade da floresta amazônica têm presença forte na grandiosa produção equatoriana A son of man, de Jamaicanoproblem, na competição dos estrangeiros.
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