Já está valendo o fim da restrição de horário para a construção civil em Porto Alegre. A medida consta no decreto nº 20.623, editado no fim de semana e atende à demanda do setor, que desde o dia 22 de abril operava em horário reduzido, das 9h às 16h.
Antes disso, as obras ficaram paradas por quase um mês em Porto Alegre, já que a atividade estava suspensa desde o dia 25 de março, com exceção para obras públicas.
“Conseguimos avisar algumas pessoas e nesta segunda (22) já trabalharam no horário normal. Nesta terça-feira, voltam todos”, explica o diretor de Engenharia da Cyrela Goldsztein, Gustavo Navarro. O horário de trabalho nos nove canteiros da Cyrela é das 7h30 às 17h18. Com 56 dias corridos de operação em horário reduzido, Navarro constatou perda de produtividade média de 38% nas obras da construtora. “É um anseio enorme do setor”, sustenta.
Na semana passada, o presidente do Sinduscon-RS, Aquiles Dal Molin Júnior, disse que a jornada reduzida afeta a produtividade do setor. Em live com o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) no dia 15 , Dal Molin fez referência aos protocolos de segurança adotados nos canteiros de obras e disse que a construção civil “não é vetor” para disseminação da Covid-19.
“Estamos com bastante vontade de trabalhar e sofrendo um pouco a questão da jornada reduzida, (que) está nos tirando a produtividade do trabalho. Isso impacta as nossas empresas e (impacta) muito os funcionários”, declarou Dal Molin na ocasião.
A fala surgiu durante a apresentação das novas regras para licenciamento em Porto Alegre e inserida em um contexto de elogios do presidente do Sinduscon ao prefeito pela edição de decretos com impacto econômico, seguida do pedido de medidas assim também para a construção civil.
Apesar da liberação para retomada ao horário normal, como houve divergência de orientação entre prefeitura e Governo do Estado, a construtora MRV optou por manter o horário de trabalho reduzido até nova orientação, informa o gestor de obras Pedro Henrique Batista.
Mudança de bandeira não impacta trabalho
Gustavo Navarro lembra que a construção civil foi um dos primeiros setores da economia liberados para a volta ao trabalho na Capital, seguindo por cerca de um mês sem outros segmentos trabalhando simultaneamente, e que a atividade não impactou no número de casos na cidade.
“Seguimos com protocolo de segurança para entrada e saída, horário de almoço, com medição temperatura, mapeamento dos grupo de risco e sintomas relacionados à gripe”, explica. Casos suspeitos são liberados do trabalho por 15 dias e testados e, segundo Navarro, nenhum caso de Covid-19 foi registrado nas obras da Cyrela.