O salão de atos do campus 2 da Feevale lotou para ver a palestra de Fabiano Zortéa, coordenador de varejo do Sebrae-RS e curador técnico da comitiva gaúcha que vai à NRF, em sessão organizada pela Federação Varejista do RS e CDL local. Com mais de 15 anos acompanhando as edições do evento e também as evoluções do varejo norte-americana, Zortéa se preocupou em criar pontes, unindo as novidades de Nova York e as demandas dos varejistas no Rio Grande do Sul. "A NRF de 2025 focou muito em soluções para fazer o básico bem feito. Mesmo a IA (Inteligência Artificial) veio mais aplicada, para elevar a eficiência dos negócios", destacou o coordenador de varejo do Sebrae-RS. Zortéa mostrou cenários sobre impactos da IA, adoção e ainda a necessidade de as gerações serem consideradas em todas as suas nuances, desde as mais jovem aos "prateados", como se convencionou chamar os mais velhos, cada vez mais numerosos. Atenção às equipes de venda foi ponto que recebeu dose de alerta. "Eles são o coração da loja", resumiu Zortéa. Em um cenário de transformações aceleradas no varejo global, a Federação Varejista do Rio Grande do Sul e a CDL Novo Hamburgo reuniram os profissionais do comércio para assistir à palestra "O que vi na NRF e preciso te contar", na noite de 26 de março, na Universidade Feevale. A iniciativa reuniu especialistas e lideranças para debater tendências e aprendizados da NRF 2025, maior feira de varejo do mundo, com foco na aplicação prática desses insights na realidade local.
Marcos Carbone, vice-presidente da Federação Varejista do RS e presidente da CDL Metropolitana, abriu os trabalhos destacando a importância estratégica do encontro: "Este não é apenas um espaço de conhecimento, mas um farol para guiar nosso setor frente aos desafios e oportunidades do futuro", reflete. Zortéa compartilhou também experiências da imersão em Nova York, incluindo visitas técnicas a empresas inovadoras e palestras sobre IA - tecnologia já considerada indispensável para otimizar processos e personalizar experiências. Leonardo Lessa, presidente da CDL Novo Hamburgo, reforçou o compromisso da entidade em capacitar, conectar e simplificar a jornada do empreendedor, citando a comitiva de 50 empresários gaúchos que participou da NRF e os cases práticos apresentados por convidadas, aplicáveis em 2024 e 2025.
Cases gaúchos trouxeram perspectivas inspiradoras. Mariana Milani, sócia da Devorata e que esteve na NRF, citou como crises recentes impulsionaram a reinvenção da empresa usando conexões emocionais com os clientes. A F4 Acessórios, que completará 20 anos em 2025, destacou a importância de valorizar a experiência física em meio à concorrência online, criando motivos para atrair clientes às lojas, seguindo exemplos de marcas dos Estados Unidos.
Em Porto Alegre, no palco do salão do Palácio do Comércio, a tônica foi dada para o uso de Inteligência Artificial (IA) e como lidar com as novas gerações, especialmente a Z, que é a faixa de nascidos após 1996 até 2012. A influência dessa faixa no consumo e escolhas das famílias foi destacada pelos dois painelistas do pós-NRF (Retail's Big Show). "Essa geração decide o que vai ser consumido", alertou Diana Lienert, head de Comunicação e Marketing SindilojasPOA. A colunista do Minuto Varejo, Patrícia Comunello, mediou o bate-papo. Diana aproveitou para afastar temores, como o que a IA pode substituir pessoas. "Ela vai ajudar os negócios", reforçou. Sobre a aplicação, o recado dos dois painelistas seguiu o que se ouviu também em Nova York. "Comece a usar", disse a vice-presidente de varejo da Nvidia, big tech voltada a hardware para IA, Arita Martin. Carlos Klein, vice-presidente da CDL Porto Alegre, deu exemplos de como já analisa como a tecnologia pode resolver gargalos. "Já estou vendo para facilitar treinamento de vendedores. Temos muito turn-over, preciso ter agilidade para transmitir como é a operação", citou o lojista, dono da Via Condotti, loja de alfaiataria masculina em Porto Alegre e Canoas.
O perfil da loja física também ganha atenção, ante o desafio de tornar o ponto mais atrativo para os clientes. Parte desse desafio está ligada à concorrência pela atenção do consumidor dos canais digitais. Diana lembrou de estudo do diretor da WD Partners, Lee Peterson, que listou 25 razões que estudo nos EUA apuraram para as pessoas não irem presencialmente à loja. Quatro se destacam: demora na hora de pagar, como fila em caixas, falta de produto, ambientes mal organizados e sem atratividade e atendimento de baixa qualidade.