O fundo Société Mondiale, veículo pelo qual o empresário Nelson Tanure detém 5,28% da operadora de telefonia Oi, repudiou neste domingo (5) as declarações feitas na véspera pelo Moelis & Company, FTI e G5 Evercore, maior grupo de detentores de títulos internacionais da empresa de telefonia. Ontem, os bondholders internacionais conclamaram, por meio de comunicado, todas as partes envolvidas na recuperação judicial da tele brasileira a agirem para desfazer o que classificou de "manobra claramente ilegal" do conselho de administração, dando prosseguimento aos esforços para a aprovação de um plano que possa reunir o apoio de todos os interessados.
Na sexta-feira (3), o conselho de administração da Oi aprovou um novo Plan Support Agreement (PSA) apoiado por Tanure e rejeitou o proposto pelo grupo Moelis & Company, FTI e G5 Evercore. O conselho de administração também aprovou as nomeações dos conselheiros Hélio Costa e João Vicente Ribeiro para os cargos de diretores estatutários da Oi. O novo plano deverá ser registrado amanhã (06) na 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Rio de Janeiro.
O PSA é uma espécie de pré-acordo de adesão ao plano de recuperação da Oi. Os credores que assinarem o papel terão que votar a favor do plano na assembleia marcada para 10 de novembro, além de assumir o compromisso de participar da injeção de recursos na operadora. O plano prevê a capitalização de R$ 9 bilhões, sendo R$ 3 bilhões em conversão de dívidas e R$ 6 bilhões em novos aportes divididos entre bondholders (R$ 3,5 bilhões) e acionistas (R$ 2,5 bilhões).
Hoje, o fundo de Tanure defendeu, por meio de nota, o PSA e a nomeação dos conselheiros Hélio Costa e João Vicente Ribeiro para a diretoria da Oi, afirmando que eles reforçam "o time atual nessa fase de demandas extremas", e que concordaram em receber 1/3 do salário dos atuais diretores. O Société critica ainda a proposta feita pelos acionistas internacionais, já rejeitada pelo conselho.
"Na mesma reunião (sexta-feira), os conselheiros também avaliaram a correspondência enviada à Oi por Moelis & Company, FTI e G5 Evercore, com um esboço de uma proposta alternativa ao plano de RJ (recuperação judicial) protocolado na Justiça, e consideraram os seus termos inaceitáveis", disse o fundo de Tanure.
Segundo o Société Mondiale, a proposta feita pelos assessores da Moelis, FTI e G5 Evercore "é um esboço de intenção de proposta sem garantia e não vinculante, a ponto de nem sequer nomear um único bondholder que o apoie. Os seus termos foram considerados inaceitáveis pelo Conselho por muitas razões", disse em nota, enumerando em seguida dez falhas da proposta, entre elas a de não trazer assinatura de nenhum credor, nem comprometer nenhum credor a votar favoravelmente ao plano de recuperação judicial da companhia.
O fundo lembra ainda que o PSA aprovado pelo conselho foi construído ao longo de muitos meses, com a contribuição de diversos credores, e que a companhia tem um plano "exequível, juridicamente viável e financeiramente sustentável, que conta com o apoio de um número expressivo de bondholders", ressalta a nota.