O Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV), ao qual aderiram 4 mil empregados no 2 trimestre deste ano, custou R$ 1,2 bilhão e foi o principal motivo para o aumento das despesas da Petrobras, informou Mário Jorge Silva, gerente-executivo da controladoria da empresa.
Além disso, pesou sobre as finanças o aumento do custo de extração, por conta da devolução de áreas exploratórias. Ele destacou ainda nesta quinta-feira (11), ao apresentar o resultado financeiro, o crescimento das despesas operacionais em R$ 200 milhões em relação ao primeiro trimestre deste ano, por conta de gastos com consultorias. Já a valorização do dólar frente ao euro contribuiu com o resultado financeiro.
O Ebitda ajustado caiu do primeiro para o segundo trimestre, principalmente por conta do PIDV. Silva destacou ainda que a queda dos investimentos, no período, somada ao aumento da geração operacional resultaram em um crescimento do fluxo de caixa livre. A apreciação do real ajudou a diminuir a alavancagem. O prazo da dívida aumentou, mas o custo marginal da dívida subiu de 6% para 6,3% do primeiro para o segundo trimestre.
No semestre, os destaques foram a redução das reservas, refletidas no item depreciação, e o custo recorrente com a ociosidade de equipamentos. As margens, contudo, melhoraram por conta da queda da importação.
A Petrobras teve perda de participação de mercado na venda de derivados no País, mas tem compensado a redução no volume com uma margem maior, informou Mário Jorge Silva. A petroleira aumentou em 3% a venda de derivados no segundo trimestre ante o primeiro trimestre do ano. Em relação ao segundo trimestre de 2015, entretanto, houve queda de 6% no volume vendido.
Segundo Silva, a queda nas vendas é "consequência de movimento mais fraco da economia nacional". "A companhia vem compensando um eventual recuo no volume de vendas com melhor desempenho, maior margem", afirmou Silva, em coletiva de imprensa convocada pela companhia para comentar os resultados do segundo trimestre.
A alavancagem líquida da Petrobras, medida pela relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido, fechou o segundo trimestre em 55%, abaixo da marca de 58% verificada ao término de março de 2016 e menor que os 60% observados ao final de junho do ano passado.
Já a relação entre dívida líquida e Ebitda em 30 de junho de 2016 era de 4,49 vezes, ante 5,03 vezes em 31 de março e 5,31 vezes em 31 de dezembro de 2015.
Em 30 de junho de 2016, o endividamento bruto da petroleira atingiu R$ 397,76 bilhões, sendo R$ 36,513 bilhões de curto prazo e R$ 361,247 bilhões de longo prazo. O montante é 11,6% inferior aos R$ 450 bilhões devidos em 31 de março de 2016 e 19% menor do que os R$ 493,023 bilhões apurados em 31 de dezembro do ano passado.
Como a Petrobras fechou o segundo trimestre com R$ 65,370 bilhões em caixa (incluindo títulos), a dívida líquida ao término de junho de 2016 estava em R$ 332,39 bilhões. A cifra fica 10% abaixo do endividamento líquido de R$ 369,494 bilhões verificado em 31 de março de 2016 e também é 15% inferior aos R$ 392,136 bilhões anotados em 31 de dezembro de 2015.
As dívidas da petroleira a vencer neste ano totalizam R$ 21,648 bilhões, ou 5,5% do endividamento total da companhia. Vencem outros R$ 25,815 bilhões no próximo ano. Somados os valores, o total a vencer entre 2016 e 2017 é menor que os recursos em caixa da empresa.
Ainda segundo o material de divulgação do resultado trimestral, 71,8% da dívida total da Petrobras foi contraída em dólar, o equivalente a R$ 285,362 bilhões. Outros R$ 23,121 bilhões foram em euros, R$ 79,207 bilhões em reais e R$ 9,677 bilhões em outras moedas.
Para minimizar sua exposição ao câmbio, a estatal estendeu em meados de maio de 2013 a contabilidade de hedge para proteção de exportações futuras altamente prováveis. A prática contábil, que designa relações de hedge entre exportações e obrigações em dólares, ameniza o impacto cambial e, consequentemente financeiro, sobre as demonstrações da empresa.