Herança de Marquês do Pombal

A data da Lei Áurea, 13 de maio de 1888, remete ao dia de nascimento de Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, nascido em 1699. Sob título de Conde de Oeiras, como secretário de Estado de D. João V, extinguiu a escravidão de Portugal Continental em 1761. Deslumbrado com a Missão Londres, viu o capitalismo incipiente e a força da ciência e técnica brotando da Era das Luzes matemáticas. Pombal reformaria o Império Português sob a coroa de D. José I.

Herança, do texto, não é a Quinta da Gramela, em Pombal, propriedade sucedida de seu tio, Paulo de Carvalho e Ataíde, em 1713, onde Melo falecerá, no ostracismo, a mando de Maria I, em 8 de maio de 1782. É a luta do déspota esclarecido, forte desde 1770 quando primeiro-ministro, sublinhando reforma do ensino, expulsando o jesuíta da universidade, louvando a técnica agrícola e marítima, portuária e logística e no estudo sismológico, após o terremoto de Lisboa, de 1755, ali firmada a ciência, cujos cães eram adestrados para indicar tremor e ameaça de maremoto. O Marquês bebia fonte iluminista, mas proibiu Voltaire e Rousseau, contradição da amarra política da corte católica.

O Brasil do século XX foi brindado com o pensador da História Caio Prado Júnior e, de seu culto ao comunismo marxista, herdara da luta pombalina a preocupação à ignorância endêmica do povo. Prado declarou sermos primitivos, selvagens, pior que isso, "não somos racionais, humanos". Nossa formação foi escravista e, do ensino à política, o conceito cidade aparece misturado, travado, entraves de melhoria à condição material e da cultura.

O amaldiçoado Marquês, o reformador, inimigo da Rainha Louca, no atual é esquecido. A eletrônica, no pleito eleitoral, ensina a votar pela TV; da urna, após leve toque no botão colorido, se vê a imagem de candidato ao poder, apenas.