Depois de um clima de queda de braço e ameaças de reciprocidade, a semana começa em Brasília sob clima de cautela e articulação. O governo federal e o Congresso Nacional, com menos emoção, se movimentam para encontrar caminhos diplomáticos e comerciais diante das recentes taxações impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Cautela, mas com firmeza, defendem senadores do PT. O senador gaúcho Paulo Paim (PT, foto) avaliou, para a coluna Repórter Brasília, as consequências das decisões do presidente norte-americano para o Brasil.
Cortes de empregos
"A decisão de Trump impactará negativamente o nosso setor exportador. É provável que haja cortes de empregos, redução de renda e aumento da inflação, prejudicando, principalmente, os mais pobres", afirmou o senador Paulo Paim. Na visão do senador gaúcho, "trata-se de um cenário preocupante, que exige de nós cautela, diálogo e diplomacia".
Política de erguer muros
Paulo Paim destacou que "o Congresso agiu com rapidez, aprovando por unanimidade uma lei de reciprocidade para defender nosso setor produtivo". O congressista destacou que "Trump adota uma política de erguer muros promovendo a separação em vez da cooperação".
Mundo precisa de união
"Em um momento de guerras, conflitos armados e graves crises ambientais, o mundo precisa de união. O tarifaço imposto enfraquece os esforços de cooperação global para a proteção do planeta", avaliou.
Falta de empatia com os mais pobres
Na opinião do senador petista, "essa política demonstra total falta de empatia com os países mais pobres e com as populações atingidas por catástrofes. Além disso, Trump encerrou a principal agência de ajuda humanitária do mundo, a Usaid, cortando programas essenciais de assistência em diversas regiões, incluindo hospitais de campanha para refugiados, fornecimento de medicamentos e apoio a áreas devastadas por desastres climáticos".
Impacto das exportações brasileiras
Em nota, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lembra que o superávit comercial que os Estados Unidos têm com o Brasil é o terceiro maior do país norte-americano com todo o mundo. Internamente, diplomatas avaliam que diante do cenário de sanções impostas a outros países, como a China e o Vietnã, o Brasil sofreu uma taxação mínima.
Governo e oposição unidos
Logo após o anúncio de Trump, a Câmara concluiu a votação do projeto da reciprocidade econômica, que dá o respaldo legal para uma eventual retaliação contra os Estados Unidos. O projeto, que já havia sido aprovado pelo Senado, uniu governo e oposição, e agora segue para a sanção do presidente Lula.
Todo mundo apreensivo
Antes do anúncio do tarifaço de Donald Trump, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que "a atitude impõe um desafio global. Não é fácil o momento que estamos vivendo, um desafio que deixa todo mundo muito apreensivo".
Desafios exigem harmonia
Já a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), disse que as medidas impactam a economia brasileira e caem no colo de Haddad. "Estamos com alguns fatores que trazem uma grande preocupação e colocam no colo do ministro Haddad a responsabilidade. Estamos diante de algumas medidas que poderão impactar inclusive na inflação mundial e na inflação brasileira." Ela destaca que o diálogo tem sido positivo.