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Inter cria canal por WhatsApp para denúncias de racismo e homofobia no Beira-Rio
'Todas as questões que mexem com preconceitos vamos trazer para dentro do clube', diz Najla
LUIZA PRADO/JC
Patrícia Comunello
O Inter vai usar o aplicativo de conversa mais popular no Brasil como aliado no combate ao preconceito durante jogos no estádio Beira-Rio, o templo colorado. As pessoas vão poder enviar para um número de WhatsApp qualquer episódio "desconfortável vivenciado nas arquibancadas do Beira-Rio", disse o clube, em nota em seu site. O clube aproveitou também o Dia da Consciência Negra, nesta quarta-feira (20), para anunciar a ação.
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O Inter vai usar o aplicativo de conversa mais popular no Brasil como aliado no combate ao preconceito durante jogos no estádio Beira-Rio, o templo colorado. As pessoas vão poder enviar para um número de WhatsApp qualquer episódio "desconfortável vivenciado nas arquibancadas do Beira-Rio", disse o clube, em nota em seu site. O clube aproveitou também o Dia da Consciência Negra, nesta quarta-feira (20), para anunciar a ação.
O número é o (51) 98117-7779. O clube orienta "que é fundamental que a denúncia identifique o setor do estádio em que o torcedor está localizado". Segundo o Inter, "profissionais conduzirão, da maneira mais ágil possível, a identificação da situação e solução dos problemas". O canal já vai valer para o jogo do próximo domingo (24) contra o Fortaleza dentro de casa pelo Campeonato Brasileiro.
O canal de denúncia faz parte do serviço chamado de Estaremos Contigo!, que se integra a diversas áreas do clube e é liderado pela Diretoria de Inclusão, criada na metade do ano para centralizar iniciativas contra preconceitos e discriminação. No site, um banner avisa: "Na nossa casa, a tua voz importa".
"A diretoria foi proposta para tratar de preconceitos, como racismo, homofobia, machismo, capacitismo (preconceito social contra pessoas com alguma deficiência), que é o microcosmo de quem está fora do estádio", observa a coordenadora da diretoria Najla Rodrigues Diniz. "Todas as questões que mexem com preconceitos vamos trazer para dentro do clube."
E as iniciativas Coloradas não vão parar por aí. Em dezembro, capítulos do estatuto do clube podem mudar em aspectos ligados à punição de atos de preconceito, além de inserir que a associação é livre, acrescentando que não pode haver distinção por religião, classe social, opção política, capacidades ou limitações individuais.
O tema da solidariedade também estará sob o guarda-chuva da diretoria. Najla lembra da ação durante o inverno, que abrigou pessoas em situação de rua no Gigantinho e teve forte repercussão, com apoio do rival Grêmio, que doou materiais, como colchões e cobertores. A ação mobilizou os porto-alegrenses para ajudar durante o frio mais intenso na cidade.
"Homofobia é o preconceito mais velado"
O Colorado demarcou o terreno das ações em um gesto emblemático na metade deste ano. O estádio Beira-Rio, templo colorado, foi iluminado com as cores do orgulho LGBT. E não foi por acaso ou apenas para lembrar o 28 de junho de 1969, quando o bar Stonewall, em Nova Iorque, foi invadido pela polícia e teve reação dos frequentadores gays e lésbicas. As luzes no estádio marcaram a criação da Diretoria de Inclusão.
"Homofobia é o preconceito mais velado e difícil de combater no mundo do futebol", constata a coordenadora da diretoria. Com o novo braço dentro da estrutura institucional, a ideia é tornar permanente as ações. "Antes éramos movidos pelo calendário, queremos que seja uma política permanente. O Clube do Povo reúne toda a diversidade", reforça Najla. Na questão da homofobia, o trabalho será forte com as torcidas organizadas, pois "muitas puxam cânticos com mensagens preconceituosas", admite a coordenadora.
As mudanças no estatuto serão votadas entre 13 e 15 de dezembro - 13 e 14 pela internet, no site do clube, e 15 presencial. Serão três aspectos a serem alterados.
O artigo 16 do estatuto trará a maior mudança, com a inclusão de um parágrafo novo, o sexto, prevendo "que os atos discriminatórios ou preconceituosos de nacionalidade, cor, gênero, religião, classe social e capacidades ou limitações individuais praticados por dirigentes ou funcionários" serão punidos com perda de cargos e exclusão de direitos sociais.
Além disso, quem praticar os atos sofrerá responsabilidade pessoal, civil e criminal. O clube vai buscar o ressarcimento pelo prejuízo causado à imagem do Colorado, diz o parágrafo. Outras duas propostas abrangem mais dois artigos. O artigo 7, que trata da inscrição de associados, acrescenta que não pode ter distinção "religião, classe social, opção política, capacidades ou limitações individuais" na associação, e o artigo 11, que insere maior detalhamento no acesso às dependências, dando atenção às pessoas com deficiência.
Também nesta quarta, o clube divulgou em seu site e em suas redes sociais vídeo com depoimentos de personalidades negras, desde ex-jogadores como Tinga, que jogou no Colorado, e a ex-miss Brasil Deise Nunes.
No dia 26, o projeto Clube de Todos será apresentado ao Conselho Deliberativo do Grêmio. O Clube de Todos será um pacote de mais ações focadas no combate à discriminação e preconceito e promoção da inclusão.