Camila Paiva, diretora de gente e gestão da Pontaltech

Estabelecer confiança entre funcionários e seus líderes é fundamental para um ambiente saudável e seguro

Dignidade no trabalho piora: como o RH pode reverter esse cenário?

Camila Paiva, diretora de gente e gestão da Pontaltech

Estabelecer confiança entre funcionários e seus líderes é fundamental para um ambiente saudável e seguro

Todos os profissionais têm o direito de trabalhar em um ambiente digno, seguro e respeitoso, com condições adequadas para exercerem suas funções com excelência. No entanto, na prática, esse cenário ainda está longe de ser realidade. Segundo dados recentes da Accenture, apenas 29% dos funcionários confiam que seus líderes realmente priorizam esses pilares, o que pode comprometer diretamente o bem-estar e a produtividade das equipes. Essa realidade é ainda mais acentuada nas relações informais de trabalho, onde a ausência de vínculo abre brechas para que empregadores deixem de seguir até mesmo os direitos mais básicos previstos em lei. No Brasil, dados do IBGE mostram que 39,5 milhões de pessoas atuam sem carteira assinada ou CNPJ. Nesse cenário, como o RH pode atuar para garantir ambientes saudáveis e seguros, mesmo em relações informais? A resposta passa por ações estratégicas, empatia e valorização do ser humano.
1- Tenha e fomente: políticas claras e inclusivas: as leis trabalhistas são claras ao determinar o dever de toda contratante em garantir a segurança, integridade e dignidade dos colaboradores, mas muitas abdicam dessa responsabilidade com seus profissionais terceirizados. O RH pode adotar uma postura proativa de disseminar essas determinações legais nas políticas internas, compartilhando os direitos dos profissionais para que sejam reivindicados. Afinal, se entendemos nossos direitos, temos segurança em buscar por eles.
2- Saúde física e mental: a negligência à saúde do profissional sai bem cara para as contratantes, que terão que arcar com os danos gerados pelo prejuízo ao bem-estar físico e emocional de seus times, e para os próprios trabalhadores, que deverão ter o cuidado devido com qualquer problema ocupacional ou mental adquirido em sua função. É dever de toda empresa prezar pela saúde, algo que o RH também deve garantir como parte indispensável.
3 - Liberdade de expressão: todos nós queremos - e devemos - ser ouvidos. A liberdade de expressão também precisa ser garantida pelo departamento de recursos humanos neste objetivo maior da manutenção da dignidade profissional, fazendo com que cada trabalhador tenha voz ativa dentro da empresa sem medo.
4 - Assegure o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal: segundo dados da Accenture, 52% das pessoas valorizam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal acima de tudo. Além dessa integração precisar estar presente nas políticas corporativas, o RH pode reforçá-la para que se torne realidade entre todos, evitando sobrecargas e prejuízos no bem-estar individual.
5 - Valorize os times: pode parecer um tema batido, mas os feedbacks são práticas essenciais para a satisfação interna. Reconheça o desempenho e as contribuições de cada um, valorizando suas conquistas e criando um ambiente de incentivo ao crescimento e desenvolvimento profissional, como forma de estimular o engajamento e um maior senso de pertencimento.
6 - Treinamentos e sensibilização: leve o conhecimento da importância da dignidade a todos através de treinamentos voltados a sensibilização sobre o tema. O RH contribuirá para que todos saibam e entendam os direitos e deveres de cada lado, assim como a manutenção dessas responsabilidades para uma atividade profissional digna.
7 - Monitore o clima da empresa: acompanhe, de perto, tudo que for colocado em prática, tendo certeza de que estão (ou não) atingindo as expectativas. Adote métricas de monitoramento em tempo real, envie pesquisas de satisfação, ouça e acolha todos, resolvendo qualquer conflito ou necessidade de forma justa, imparcial e com respeito.
Não podemos aceitar um mercado onde a dignidade profissional seja colocada em risco. A construção de ambientes mais justos, seguros e igualitários depende de um esforço coletivo e o RH tem um papel protagonista nesse movimento. Desde o recrutamento até a jornada, é essencial garantir que nenhum profissional seja negligenciado em aspectos como saúde, respeito e bem-estar.
 
CAMILA PAIVA/ARQUIVOPESSOAL/JC
Camila Paiva é diretora de gente e gestão da Pontaltech, empresa especializada em soluções integradas de VoiceBot, SMS, e-mail, chatbot e RCS
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