A Lojas Renner comunicou na manhã desta quinta-feira (15) ao mercado de uma plataforma que vende roupas, acessórios e calçado usado, ou seja, um brechó online. Fato relevante publicado pela companhia gaúcha, maior varejista de moda do País, informa que a aquisição foi de 100% do capital.
A varejista comprou a Repassa Intermediação de Negócios, startup que é o maior brechó online do Brasil.
"Essa aquisição representa mais um passo rumo à consolidação do ecossistema de moda e lifestyle da Lojas Renner, com grande aderência à estratégia ESG da companhia", justifica a empresa, sobre o negócio. ESG, termo que é cada vez mais usado pelo mundo corporativo, é de ambiental, social e governança, da sigla em inglês.
"Tem grande aderência aos nossos pilares de atuação, focados na digitalização, na inovação e na sustentabilidade", reforça, por nota, o diretor presidente da Lojas Renner, Fabio Faccio, sobre a compra da Repassa, lembrando que é primeira operação de expansão inorgânica, quando envolve operação externa.
O brechó online é uma startup nativa digital fundada em 2015 e soma 300 empregados. A plataforma, diz nota da Renner, tem foco exclusivo em moda e estimula o consumo consciente e que prolonga a vida útil de roupas, calçados e acessórios em bom estado de conservação. A varejista tem parceria desde 2020 com o Repassa.
Lojas da Renner ofereciam as "Sacolas do Bem" para clientes enviarem ao site peças a serem revendidas. Segundo a companhia, a recepção que a iniciativa teve junto aos seus consumidores foi decisiva para o negócio de aquisição.
"O ecossistema tem um potencial muito grande sob exploração e a companhia continuará aliando investimentos orgânicos e inorgânicos para acelerar esta construção", diz ainda o comunicado.
Outra característica do site é a curadoria e controle de qualidade das peças e da jornada do consumidor, numa prestação de serviço mais completa. Todo o processo de avaliação física, precificação, fotos, manipulação, anúncio e entrega é feito pelo Repassa. Os vendedores recebem um percentual sobre as receitas.
Segundo a Renner, a conclusão da compra está ainda condicionada a "determinadas condições negociais acordadas entre as partes", mas não chega a informar quais.
A operação ainda será submetida à aprovação dos acionistas em Assembleia Geral da companhia. Os detalhes da operação serão dados em teleconferência com os investidores nesta quinta-feira.
A compra do brechó online reforça a operação no front de vendas digitais em meio a impactos da pandemia no varejo presencial e do crescimento de outras plataformas de e-commerce.
No mercado, já havia especulação de que a
Renner estava tentando comprar a Dafiti, uma das maiores plataformas de venda de marcas de roupas e outros itens de moda, mas o valor estaria muito alto. A Dafiti é avaliada em mais de R$ 10 bilhões e atua no Brasil e outros países da América do Sul.
A companhia vem sentindo o efeito da crise sanitária que dura quase 16 meses.
O último balanço, do primeiro trimestre deste ano, veio com prejuízo líquido de R$ 147,703 milhões, depois de lucro de R$ 7,137 milhões no mesmo período de 2020, que não chegou a ser afetado pelas medidas de fechamento das lojas físicas. As medidas restritivas começaram em fim de março de 2020, mas se intensificaram pelo País em abril.
Também mercados onde a varjeista tem filiais, como Uruguai e Argentina, seguiram o mesmo caminho, com lockdowns, que, no caso argentino, foram ainda mais rigorosos em extensção e tempo do que nos regimes de fechamento adotados no Brasil.
Em abril, a companhia de capital aberto fez uma
oferta primária restrita de 102 milhões de ações, precificada a R$ 39,00 cada. A oferta obteve R$ 3,978 bilhões no mercado. A quantidade de papéis inicialmente ofertada poderia ter sido acrescida em até 35%, o que a companhia acabou não fazendo.
Outras estratégias para melhorar sua capacidade financeira incluíram operações para
emissões de debêntures, que são títulos de dívida privados de longo prazo.