Ao que tudo indica, no novo normal a boemia porto-alegrense não terá a famosa sopa de capeletti servida de madrugada para espantar o risco de ressaca. O tradicional Bar Van Gogh, na esquina da Avenida João Pessoa com a Rua da República, na Cidade Baixa, parece não ter resistido à pandemia do novo coronavírus. Quem passa pela frente agora não vê mais as mesas na calçada, mas tapumes e placas anunciando a disposição em vender ou alugar o local.
Durante 60 anos, o bar resistiu. Em seu auge, durante os anos 1980 e 1990, acomodou grandes nomes da música popular brasileira em suas mesas - de Lupicínio Rodrigues, Jamelão a Caetano Veloso.
A partir do final dos anos 1990, viu o comportamento do público mudar e se adaptou. Passou a receber principalmente aqueles que não queriam que a noite acabasse e seguiam em busca de mais uma "saideira". As madrugadas sempre traziam novos frequentadores e velhos conhecidos em busca do melhor fim de noite - aliás,
do melhor amanhecer - da cidade.
A calçada movimentada deu lugar aos tapumes e a placas anunciando a disposição em vender ou alugar o local Foto: Luiza Prado/JC
O atual proprietário do Bar Van Gogh Cláudio Piovesani está vendendo o negócio, com as instalações (mesas, cadeiras e cozinha) por R$ 100 mil. Ele afirma que a decisão de passar o ponto já havia sido tomada antes de março, quando os estabelecimentos comerciais e de serviços de Porto Alegre foram fechados. O motivo: "já estava cansado há bastante tempo da noite, vou vender e me aposentar", disse Piovesani.
Em
entrevista ao Jornal do Comércio em 2013, Piovesani admitiu que pensava em abrir mão do empreendimento: "Só de pensar dói o coração, mas amadurecemos a ideia há dois anos", disse, na época. O Bar Van Gogh teve sua trajetória contada no especial Histórias do Comércio e dos Serviços.