A porto-alegrense Talita Hoffmann, um dos nomes em evidência na ilustração contemporânea, está entre as artistas que têm obras na nona edição da Exposição da Paulista. A mostra traz trabalhos de seis jovens artistas de diferentes origens e tem como tema Democracia, Paz e Trabalho. Iniciativa da União Geral dos Trabalhadores (UGT) a exposição ocupará, até o dia 31 de maio, um trecho de um quilômetro da avenida símbolo da maior metrópole da América Latina, por onde passam 1,5 milhão de pessoas por dia.
A Avenida Paulista, além de ser um ícone da diversidade e grandiosidade de um país como o Brasil, é um espaço que congrega diversas instituições culturais. Para colorir a via, do Sul do País vem a gaúcha Talita Hoffmann, que traz em suas obras a influência de sua formação em Design Gráfico e Artes Visuais.
Atualmente baseada em São Paulo, Talita explora o campo visual com um método compositivo no qual as figuras se colocam como notas musicais numa partitura, definindo melodias e ritmos, imprimindo à narrativa uma visualidade bem objetiva. A figuração mobilizada pela artista tem um tratamento gráfico que transforma os objetos representados em ícones sintéticos e dá à composição um tom direto e comunicativo.
Na Exposição da Paulista, Talita apresenta cinco painéis, intitulados: Amazônia, Cultura, Moradia, Saúde e Trabalho. Nesses painéis, a artista ressalta aspectos do trabalho humano, realçando a figura da mão que está sempre em ação, construindo algo, costurando, tecendo, bordando ou desenhando futuros. Colocando em evidência as mãos que trabalham para o bem, a artista homenageia o poder inerente que as pessoas carregam para transformar a sua realidade.
O elenco de artistas que acompanham Talita nas obras é composto por um universo de mulheres. A mostra traz as obras de Catharina Suleiman, de origem libanesa; Erica Mizutani (aka Mizu), com descendência japonesa; e Soberana Ziza, mulher preta, nascida e crescida na Zona Norte da cidade. Do norte do país, Moara Tupinambá, de Mairi, em Belém do Pará, e Moara Negreiros (aka Moka), nascida no Acre e criada em Macapá. Este universo de mulheres de ascendências diversas reflete e justifica o tema da exposição, Democracia, Paz e Trabalho, valores interdependentes e fundamentais para o bem-estar e progresso de uma sociedade.
O curador Baixo Ribeiro explica a escolha do tema e das artistas comentando que queria mostrar, com a exposição, a importância do cuidado com o mundo, com os outros, com a paz e com a democracia. Colocando em evidência aqueles que realmente trabalham para o país e a sociedade crescerem, a mostra traz "o costurar de Catharina Suleiman, o regar de Erica Mizutani, o plantar da artista Moka, o lavar de Soberana Ziza, o tecer de Talita Hoffmann e o curar de Moara Tupinambá".
O artista responsável pela curadoria da exposição complementa: "enquanto alguns saem para guerrear e conquistar, outros ficam cuidando de garantir alimento, saúde, educação e cultura para todos - ou seja, preservando a paz - através de trabalhos árduos e muitas vezes invisíveis, como os que aparecem nos painéis das artistas da Paulista."
Ricardo Patah, presidente da UGT, justifica a escolha do tema: "a Democracia é um sistema de governo em que o poder reside no povo. A Paz é fundamental para o desenvolvimento sustentável e a prosperidade. E o Trabalho é essencial para o desenvolvimento econômico, o bem-estar e o progresso social", explica. Os três pilares se unem na Exposição em um grande presente e tributo da UGT aos trabalhadores da maior cidade brasileira.
Coordenada pela Secretaria de Organização e Políticas Sindicais da UGT e pela Maná Produções, Comunicações e Eventos, a Exposição da Paulista é uma das maiores exposições ao ar livre do mundo e ocupará a Avenida, entre a Rua Augusta e a Alameda Campinas. Após oito edições e já consolidada, caminha para se tornar um evento oficial da cidade de São Paulo.