O feriado de Proclamação da República, neste 15 de novembro, e o clima ensolarado levaram os leitores a visitarem em peso o último dia da 68ª Feira do Livro de Porto Alegre. O evento, que começou no dia 28 de outubro, superou as expectativas dos organizadores e teve um crescimento de pelo menos 30% em vendas, se comparado com a última edição antes da pandemia de COVID-19, em 2019.
A média de exemplares vendidos por banca, nos primeiros dez dias, foi de 1.557, totalizando até agora 118,3 mil obras comercializadas, segundo a Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL). Em 2019, foram 1.148 livros por barraca nos primeiros dez dias. O resultado ainda é parcial e, com o fechamento dos últimos dias, o número deve ser ainda maior.
Em 2021, 82,7 mil títulos foram comercializados nos primeiros dez dias, e cada barraca teve uma média de 1.314 livros vendidos. Na última edição, apenas 56 bancas puderam participar por conta da pandemia. Este ano, são 72 expositores, ainda assim um número menor que 2019, quando a feira contou com 79 bancas. O desejo, agora, é que no ano que vem a feira opere novamente com os 79 estandes.
Segundo Maximiliano Ledur, presidente da CRL, os resultados superaram a expectativa. "Estávamos com um friozinho na barriga, porque as pessoas se acostumaram com outras formas de consumir o livro. Tínhamos medo de perder esse espaço", contou. Este ano, a Feira do Livro teve mais de mil atividades para público adulto e infantil. "As pessoas estavam sedentas por esse encontro, pois, apesar da feira ter acontecido ano passado em formato híbrido, não ocorreram atividades. E, sinceramente, nada melhor do que ver o seu autor favorito falar ou pedir um autógrafo", considerou.
O presidente da CRL também acredita que a feira vai superar ou ficar muito próxima da expectativa de público de 2019, ou seja, próximo aos 1,2 milhão de visitantes durante os 19 dias de feira. Um desses visitantes é o multiplicador de ideias e costureiro Arthur Pilar, 16. "Estou buscando livros que tratem de temáticas como racismo e negritude", explicou. É a segunda vez que vai a Feira do Livro e aproveitou o passeio para, além dos livros, procurar, no centro de Porto Alegre, roupas que remetam à cultura Africana.
Quem também aproveitou o último dia para curtir a feira com a família foi a empresária Lúcia Alves, que levou a filha de 6 anos, Júlia, para conferir as bancas e atrações. "Ela está em processo de alfabetização, então acho super importante incentivar a leitura desde novinha", disse Alves. A pequena Júlia estava em busca de livros de princesas, como o da "Pequena Sereia."
Livreiros aproveitam último dia para fazer promoções
A Livreira da editora Dublinense, Samla Borges, relatou que é a terceira vez que a empresa participa da Feira do Livro com a mesma equipe. "Vendemos uns 200 livros diariamente. Alguns dias foram mais, outros foram menos. Nos primeiros dias, achamos que o movimento estava mais baixo, mas nos finais de semana a praça ficou cheia e vendemos bem. Hoje tem bastante gente, mas considero que está tranquilo. É um sentimento muito bom porque é quando encontramos o leitor que compra nossas produções", ponderou. Ela ressalta que o público, majoritariamente feminino, vem em busca de promoções e de títulos que já tinha "ficado de olho" em outros dias da Feira.
Na banca da editora paranaense A Pagina, distribuidora participando pela primeira vez com estande próprio, o que mais têm saído são livros de suspense. A média de vendas de livros por dia é de 150 exemplares. "A feira foi além das expectativas. Aqui a gente vende muitas leituras de suspense, de serial killer, como os da Darkside, e bastante literatura jovem, adolescente", contou o livreiro Leandro Malcon. Ele explicou ainda que a editora vende bastante livro de acervo. "São exemplares de custo baixo, para fazer girar, estão naquele balaio", apontou para a cesta onde obras por R$ 15,00 podiam ser compradas.
Programação movimentou volta presencial da Feira do Livro
A coordenadora de programação adulta da Feira do Livro, Sandra La Porta, considera que a programação aproximou o público da praça nesta retomada 100% presencial do evento. "Estou muito feliz com o resultado. O público acatou bem a programação e conseguimos fazer algo democrático, discutindo questões importantes do nosso dia a dia, como gênero, raça, literatura. Foi muito positivo, a feira presencial não têm preço. É olho no olho", refletiu.
O patrono desta edição, o poeta Carlos Nejar, 83 anos, estava presente no último dia do evento na Praça da Alfândega para discutir a obra de Marcel Proust Em busca do Tempo Perdido. Ele, que vive no Rio de Janeiro, afirmou estar honrado com a distinção de patrono e avaliou positivamente as duas semanas da Feira. "Esse tempo aqui na feira é um tempo de milagre, é o milagre do livro. É o florescer da praça e do livro. Quando volto aqui, volto a mim mesmo. O tempo da feira é maravilhoso, este ano achei que a feira estava bombando. Ficamos prisioneiros do vírus, então é este é o nosso reencontro. Podemos sentir de perto o poder do livro", avaliou.
Número de títulos vendidos nas últimas edições nos primeiros 10 dias:
2022: 118,3 mil
2021: 82,7 mil
2019: 117,1 mil