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Pensar a Cidade
Bruna Suptitz

Bruna Suptitz

Publicada em 25 de Março de 2025 às 20:26

Coluna Pensar a cidade, do JC, completa cinco anos de informações sobre planejamento urbano

Quanta transformação cabe em cinco anos?

Quanta transformação cabe em cinco anos?

/Bruna Suptitz/ESPECIAL/JC
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"A cidade que amanhece não é a mesma que anoitece", disse em entrevista ao Jornal do Comércio em 2021 o urbanista Newton Burmeister. Essa é uma máxima do ex-secretário de Planejamento de Porto Alegre, um dos principais responsáveis pela elaboração do Plano Diretor de Planejamento Urbano Ambiental, em 1999, documento que, com alterações ao longo dos anos, guia o a expansão e o perfil das construções ainda hoje na Capital.
"A cidade que amanhece não é a mesma que anoitece", disse em entrevista ao Jornal do Comércio em 2021 o urbanista Newton Burmeister. Essa é uma máxima do ex-secretário de Planejamento de Porto Alegre, um dos principais responsáveis pela elaboração do Plano Diretor de Planejamento Urbano Ambiental, em 1999, documento que, com alterações ao longo dos anos, guia o a expansão e o perfil das construções ainda hoje na Capital.
Um espaço que está constantemente em transformação, que muda de um dia para o outro, muda quanto em cinco anos?
Responder essa questão motivou, em 2020, o início da publicação desta coluna. A ideia de "Pensar a cidade" nasceu de uma inquietação: como o desenvolvimento urbano é comunicado?
O ponto de partida foi a revisão do Plano Diretor de Porto Alegre, que eu acompanhava desde o ano anterior. A votação de projetos de lei de grande impacto mobiliza a sociedade, que lota as galerias da Câmara, e atrai a cobertura da mídia. As decisões, no entanto, muitas vezes são tomadas antes dos discursos feitos no plenário. A ideia, então, é acompanhar todo este processo.
Na prática, aprendi que a dinâmica da cidade muitas vezes é imprevisível e outras tantas é incontrolável. A pandemia de Covid-19, que iniciou com o ano de 2020, chegou ao Brasil carregando mudanças, tristeza e incertezas que perduram ainda hoje. A revisão do Plano Diretor de Porto Alegre, que àquela altura já devia estar em fase de conclusão, foi suspensa, depois readaptada, postergada, e mais tarde questionada na Justiça. Prevista para ser votada naquele ano, segue em andamento até hoje e sem previsão de quando será concluída.
A dificuldade em avançar com a revisão levou o governo municipal a outros caminhos para dar sua cara ao planejamento urbano. De inúmeros casos aqui acompanhados, cito os planos setoriais no Centro Histórico e nos bairros do 4º Distrito; assinou a concessão do trecho 1 da orla e do Parque da Harmonia e autorizou construir no Cais Mauá - essa concessão, de responsabilidade do Estado, está indefinida.
Entre o nascer e o pôr do sol (o mais lindo do mundo!) dos últimos cinco anos, muita coisa aconteceu em Porto Alegre. Mas é no ano mais recente que a transformação da cidade se dá de forma mais profunda e certamente será a mais lembrada pelas manchas que persistem nas fachadas do Centro Histórico, os imóveis destruídos e vazios no Sarandi, as empresas fechadas em vários bairros.
A enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio de 2024 escancarou a mudança climática aos olhos de quem insistia em ignorar. A tragédia, caracterizada quando o fenômeno extremo atinge lugares habitados, expõe que quem guia o planejamento urbano não compreendeu, até aquele momento, que ambiente natural e ambiente construído devem coexistir em harmonia, ou um irá se sobrepor ao outro e o resultado será sempre trágico. A destruição como consequência da crise climática é uma realidade global, é verdade, está acontecendo em outras partes do mundo também. Já a solução, essa é local, como dizem cientistas e ecologistas há décadas: pensar global, agir local.
Por aqui, seguimos acompanhando o planejamento da cidade no dia a dia e noticiando, com conteúdo aprofundado, mas também dinâmico, para que mais pessoas saibam o que está acontecendo onde vive. Cinco anos depois, renovo o convite: vamos pensar a cidade?

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