O futuro político do tucano, entretanto, é uma incógnita. Pelo Twitter, o governador gaúcho agradeceu o apoio recebido em sua campanha nas prévias, desejou sorte a Doria e finalizou a mensagem com frases que não deixam claro o que fará depois de sua gestão ao Piratini. "Acima de projetos pessoais ou partidários, está o Brasil! E eu, onde estiver, buscarei sempre dar a minha contribuição ao País!", escreveu.
Ainda assim, aliados pretendem fazer Eduardo Leite mudar de ideia. O prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, é um dos tucanos gaúchos que pretende persuadir o governador a disputar o segundo mandato. Por outro lado, outras lideranças partidárias acreditam que Leite deve manter o que tem dito há meses - que não concorrerá à reeleição.
"Respeito a posição do governador Eduardo Leite, de ser contra a reeleição. Por outro lado, vamos conversar com ele sobre a importância de dar continuidade às transformações que foram feitas no Estado. Claro que vou aguardar o momento exato, mas a minha ideia é conversar com ele para que seja o nosso candidato à reeleição. Não tenho a menor dúvida que ele é o nome mais preparado", avaliou Pozzobom. Para o prefeito de Santa Maria, a escolha do candidato a governador do PSDB passa necessariamente pela decisão de Leite de concorrer à reeleição ou não. Em várias entrevistas, o presidente estadual da sigla, deputado federal Lucas Redecker, garantiu que o PSDB terá candidatura própria.
Antes das prévias no diretório nacional do partido, quando Leite era favorito, o nome mais cotado para concorrer a governador no Rio Grande do Sul era o do vice-governador Delegado Ranolfo Vieira Júnior - que se filiou ao PSDB no final de setembro.
A sucessora de Leite na prefeitura de Pelotas, Paula Mascarenhas - que, embora também não simpatize com a reeleição, está no segundo mandato como prefeita - defende uma "reflexão profunda" dentro do partido antes da escolha do candidato. "Devemos fazer uma análise mais profunda das prévias (em nível federal) e do contexto estadual antes de emitirmos opinião. O partido vai iniciar uma discussão sobre isso com suas lideranças e seus filiados."
Mesmo com a derrota nas prévias, Leite demonstrou a sua força dentro do partido. Várias lideranças tucanas elogiaram o desempenho e a postura do governador na campanha para ser o candidato à presidência. Leite fez 44,66% dos votos. "O governador Eduardo não deixou de ser um player nacional pelas prévias, pelo contrário, saiu maior delas ao final desse processo comunicando, a todo Brasil, claramente, que é o melhor candidato", avaliou o líder da bancada tucana na Assembleia Legislativa, Mateus Wesp. No seu perfil no Twitter, acrescentou seu "apoio incondicional" ao governador.
Ao comentar uma possível candidatura à reeleição de Leite, o deputado estadual declarou que "o governador Eduardo não irá concorrer à reeleição no Rio Grande do Sul, mas, isso não significa que o PSDB-RS não irá apresentar ou endossar um projeto competitivo para que o Estado siga no ritmo de equilíbrio fiscal e investimentos dos últimos anos. O PSDB tem muitos nomes viáveis para uma sucessão, a começar pelo vice-governador, Ranolfo Vieira Junior. Temos outros tantos gestores qualificados, reeleitos, nas maiores cidades do Estado".
Secretário estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Luiz Henrique Viana (PSDB) escreveu no Twitter que "Leite, por onde passa impacta a vida das pessoas. Carrega consigo outros políticos e os conduz para, juntos, impactarem mais pessoas... Seguiremos ao lado deste jovem e experiente líder." Redecker, que contraiu Covid-19, não falou com a reportagem, mas parabenizou Leite pela "campanha transparente, limpa e propositiva."