O teste elaborado por pesquisadores gaúchos, em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é uma novidade no Brasil. Oferecido pelo Laboratório Mont’Serrat, de Porto Alegre, o exame é capaz de detectar a resposta imune contra Covid-19 mesmo após seis meses do surgimento da doença em alguns pacientes. Considerando que nem todos pacientes que têm Covid-19 ficam imunizados, o ImunoScov19, como é chamado, pode ser utilizado para trazer mais segurança.
Através de uma análise sanguínea, o teste mede os anticorpos contra a proteína S (os espinhos ao redor do coronavírus). É essa proteína que se conecta com a célula humana, possibilitando a entrada e a multiplicação do vírus no organismo. “Nossos estudos mostraram que o vírus não consegue entrar na célula de quem tem essa proteína em altos níveis, fazendo com que o vírus não possa se multiplicar e, portanto, a doença não é desenvolvida”, explica a diretora do Laboratório Mont'Serrat, Janaina Scarton.
Esse teste não é recomendado para quem está no início da doença, porque pode ser que ainda não seja possível identificar os níveis de proteína S. “A diferença entre o ImunoScov19 e aquele teste sorológico, que identifica o IGG e o IGM é que esse utiliza apenas a proteína S. Nem todo mundo que forma a IGG está imunizado, mas como usamos a proteína S inteira, conseguimos ter um nível de sensibilidade muito alto, de mais de 98%”, acrescenta Janaina.
Ela explica que o teste é importante porque nem todos que tiveram Covid-19 estão imunizados, porque existe a possibilidade de a pessoa não ter formado anticorpos o suficiente contra a doença. “Inclusive agora com a vacina, já que foi divulgado uma eficácia de 54%. Não são todos os vacinados que estarão imunizados. Com esse teste, conseguimos saber quanto ficou o nível de imunidade após a vacina.”
O teste, que custa R$ 200,00 está sendo realizado no Rio Grande do Sul desde julho. Mas desde dezembro, o Laboratório porto-alegrense atende pacientes de outros estados, sendo mais frequentes São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Como a análise é feita através de exame de sangue, os pacientes podem coletar no próprio Laboratório ou solicitar um kit com lancetas para fazer uma leve picada no dedo e papel filtro para armazenar o sangue. O resultado sai em 6h.
“O teste diz se, no momento, a pessoa está imunizada. Mas não sabemos por quanto tempo dura essa imunidade, já que não temos um longo histórico da doença. O ideal é que esse teste seja feito de tempos em tempos para saber se os níveis de imunidade se mantém, se a pessoa ainda está protegida ou não”, argumenta Janaina. Segundo ela, o Laboratório já realizou mais de três mil testes.