Um grupo especializado nas práticas de evasão de divisas, câmbio ilegal e lavagem de dinheiro estabelecido nas cidades fronteiriças de Santana do Livramento e Rivera, entre o Brasil e o Uruguai, foi desarticulado na manhã desta quarta-feira (1) pela Polícia Federal. Denominada de Operação Massari, a ação conta com uma equipe de 40 policiais federais que cumprem 10 mandados de busca e apreensão em Santana do Livramento e um na cidade de São Paulo.
Os criminosos, que movimentaram R$ 13,5 milhões em valores suspeitos nos últimos três anos, também tiveram as contas bancárias bloqueadas e veículos apreendidos. A Polícia Federal estima, no entanto, que a atividade financeira paralela represente um montante muito superior, já que grande parte das operações ocorria por meio de moeda em espécie. A estimativa é que cada integrante do grupo movimente entre R$ 50 mil e R$ 100 mil em dinheiro vivo por semana.
Além das ramificações no estado de São Paulo, a organização criminosa mantinha vínculos no litoral de Santa Catarina para executar o fluxo de dinheiro ilícito dessas regiões para a fronteira Sul do Brasil e, a partir daí, para o Uruguai, Argentina, Chile e China.
A investigação teve início a partir de uma apreensão de US$ 33 mil dólares e R$ 285 mil trazidos de São Paulo por um dos investigados, em março deste ano, e faz parte de um esforço da Polícia Federal para combater crimes contra o sistema financeiro nacional nas fronteiras com o Uruguai e a Argentina. A expectativa é que, ao chegar aos operadores do mercado paralelo de câmbio, seja possível atingir o fluxo financeiro de grandes organizações criminosas.
Para se ter uma ideia, em 2021, somente em Santana do Livramento, foram sete operações deflagradas para apurar a evasão de divisas na região. De acordo com a Polícia Federal, a alta demanda por dinheiro clandestino se vincula, invariavelmente, à prática de outros crimes como o contrabando, tráfico de drogas, armas e corrupção.