A pressão inflacionária, que reduz o poder de compra, somada ao ambiente de juros elevados e à desaceleração econômica, continuam a causar impactos negativos. Dados de fevereiro mostram que os brasileiros ficaram mais endividados, porém, menos inadimplentes, uma tendência que deve se manter ao longo de 2025 na avaliação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Na contramão da queda da inadimplência em nível nacional estão tanto o Rio Grande do Sul quanto Porto Alegre.
Informações do Indicador de Inadimplência da CDL POA revelam uma renovação do recorde histórico em fevereiro, com 33,91% de inadimplência. Em Porto Alegre, também subiu, somando 34,27% no mês. Ao todo, estima-se que 2,91 milhões de CPFs estejam negativados no RS e 368,4 mil em Porto Alegre.
No Brasil, as projeções da CNC mostram que a inadimplência deve continuar arrefecendo ao longo de 2025 e o endividamento, se elevando, com as famílias sentindo mais confiança em utilizar o crédito para o consumo e a quitação de dívidas antigas.
Na tentativa de baixar ainda mais a inadimplência e frear a elevação do endividamento, o governo federal lançou o "Crédito do Trabalhador", um empréstimo consignado para trabalhadores CLT do setor privado. Nos 120 primeiros dias da oferta, aqueles que possuem empréstimo pessoal ou consignado privado em aberto só poderão adquirir um novo para liquidar os saldos dessas operações. A ideia é que, com a taxa de juros da modalidade reduzida, a inadimplência nos empréstimos pessoais caia.
Para essa queda, o governo também precisa fazer o dever de casa. Com a conjuntura de mercado de trabalho aquecido, salários em alta e crescimento econômico acima do esperado dos últimos meses, o consumo aumentou e a inflação subiu.
Particularmente neste último ponto é que se concentram as preocupações. Com o preço, sobretudo de alimentos, em elevação, a confiança do consumidor cai, ele deixa de consumir, a inflação desacelera, mas também aumenta o desemprego.
Reverter esse cenário de desconfiança é essencial para manter um ambiente de consumo saudável. Assim, é imperioso que se combata a inflação em sua raiz, sem remendos para que um setor consiga uma redução aqui, outro, uma ali.
A solução para o problema é complexa. Mas entre os ingredientes indispensáveis dessa receita está a austeridade fiscal, com enxugamento dos gastos públicos e redução da máquina do Estado.