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Publicada em 17 de Março de 2025 às 00:50

Economia do cuidado: o trabalho invisível que sustenta a sociedade

Gabrieli Silva

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/Giulia Muller
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A economia do cuidado engloba atividades essenciais para a sociedade, como o cuidado de crianças, idosos e enfermos, tanto no âmbito remunerado quanto no não remunerado. Apesar de sua importância, essas tarefas são historicamente atribuídas às mulheres e subvalorizadas, perpetuando desigualdades de gênero.
A economia do cuidado engloba atividades essenciais para a sociedade, como o cuidado de crianças, idosos e enfermos, tanto no âmbito remunerado quanto no não remunerado. Apesar de sua importância, essas tarefas são historicamente atribuídas às mulheres e subvalorizadas, perpetuando desigualdades de gênero.
No Brasil, a PNAD Contínua revela que as mulheres dedicam, em média, 21,4 horas semanais aos afazeres domésticos e ao cuidado de pessoas, enquanto os homens dedicam 11 horas. Essa diferença afeta diretamente a inserção feminina no mercado de trabalho, dificultando sua progressão na carreira e ampliando as disparidades salariais.
A maternidade agrava ainda mais essa desigualdade. Muitas mães reduzem suas jornadas, interrompem a carreira ou até deixam o mercado de trabalho, enfrentando perdas financeiras e de oportunidades. Mesmo quando há creches e escolas, os horários desses serviços raramente acompanham as jornadas de trabalho, forçando as mães a buscar alternativas, como contratar cuidadores ou abandonar o emprego.
A pesquisa Sem Tempo: O Trabalho e a Vida das Mulheres, do Instituto Think Olga, aponta que 50% das mães consideram suas rotinas profissionais incompatíveis com a maternidade. A sobrecarga gera impactos diretos na saúde mental, aumentando os níveis de estresse, ansiedade e esgotamento.
No passado, o cuidado infantil era mais compartilhado dentro da família, com avós e outros parentes desempenhando um papel ativo. No entanto, a urbanização e as mudanças na estrutura familiar reduziram essa rede de apoio. Hoje, muitas mulheres criam seus filhos sozinhas ou dependem de serviços pagos, que nem sempre são acessíveis. Além disso, com o aumento da longevidade e novas dinâmicas sociais, muitos avós ainda trabalham ou enfrentam limitações para assumir essa função.
A desvalorização do trabalho de cuidado impacta não apenas as mulheres, mas a economia como um todo. Estudos indicam que, se essas atividades fossem remuneradas, representariam uma parcela significativa do PIB. No entanto, como não são contabilizadas, permanecem invisíveis nas estatísticas econômicas e nas políticas públicas.
Para transformar essa realidade, é essencial promover campanhas de conscientização e implementar políticas que incentivem a divisão equitativa das tarefas domésticas. Somente com mudanças culturais e estruturais será possível construir uma sociedade mais justa, onde o trabalho de cuidado seja devidamente reconhecido e compartilhado.
 

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