A notícia do
fechamento da fábrica da Yoki, em Nova Prata, região de colonização italiana no Rio Grande do Sul, foi comparada ao impacto da pandemia. Serão 300 desempregados. A prefeitura já tenta atrair algum sucessor para o parque industrial ou algum empreendimento que absorva a mão de obra que deve ser dispensada em maio, segundo a dona da marca, a norte-americana General Mills.
"É um pessoal qualificado. A maior parte da mão de obra é da cidade", diz o prefeito Alcione Grazziotin, que assumiu a gestão em 1º de janeiro e já enfrenta a primeira perda, que também afetará a receita do município. Nova Prata, com 28 mil habitantes, fica no Nordeste gaúcho, com base industrial e de agricultura, ligada a frangos, suínos e frutas, como uva.
A gestão não calculou a perda em tributos. A unidade é uma das maiores empregadoras da cidade, ficando atrás da Vipal, do ramo de borrachas, que lidera em trabalhadores, com mais de mil postos. "Nosso foco agora são os empregos", diz.
O comunicado de que a fábrica fecha a partir de maio foi feito por diretores da empresa no começo da manhã dessa segunda-feira (11). "Fomos tomados de surpresa. Era a primeira audiência do dia, às 8h. Pelo porte da empresa, demos atenção especialíssima", lembra Grazziotin. "Mas imaginávamos que trariam outros pleitos, quem sabe ampliar a área fabril, e não o fechamento", lamenta o prefeito.
O prefeito diz que ao receber o comunicado dos diretores pediu para falar com a direção, que fica em Minneapolis, nos Estados Unidos, para convencê-la a reconsiderar a desativação. "Fomos informados que a decisão era dos acionistas", recorda Grazziotin. A companhia alegou que vai concentrar a produção em Pouso Alegre, em Minas Gerais, onde tem unidade.
A disposição de buscar eventuais interessados nos ativos foi o passo seguinte do prefeito. Contatos começaram a ser feitos com empresários e investidores da região e até de fora do Estado, além de parlamentares. A prefeitura fez reunião com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Alimentícia de Serafina Corrêa, que atende a base do município.
"Não adianta chorar o leite derramado", diz Grazziotin, projetando a busca de soluções.
Os diretores da companhia multinacional não informaram sobre os planos para a fábrica, que tem área de produção e silos para armazenar grãos. Sobre o apoio futuro ao quadro a ser desligado, que deve entrar em seguro-desemprego de cinco meses, com impacto maior no mercado de trabalho na reta final de 2021, o prefeito diz que vai começar a avaliar alternativas com áreas técnicas do município.
Segundo nota da companhia, produtores da região que atendem a empresa estão sendo comunicados da decisão. Um executivo da operação da época da Yoki Alimentos, antes da venda, diz que agricultores de toda a região fornecem matéria-prima e recebe suporte da empresa.