Nem todo o artista pode ser descrito como vanguardista. É preciso ter a coragem de criar, de inventar algo novo de uma maneira que não foi feita antes - algo que poucos já conseguiram atingir em sua carreira. O gaúcho Wander Wildner se encontra dentro desse grupo seleto da cena musical. Após ter se inventado e reinventado milhares de vezes desde que subiu aos palcos pela primeira vez, em 1984, o Rei do Punk Brega ainda é considerado um dos mais inovadores cantores das últimas décadas.
O álbum mais novo do artista, Diversões Iluminadas, não se distancia dessa definição. Com 12 faixas, o disco está programado para chegar às plataformas digitais nesta quinta-feira (03), e será acompanhado de um show de lançamento na mesma data, às 21h, no palco do Teatro Túlio Piva (rua da República, 575). Ingressos estão disponíveis no Sympla, em valores que variam entre R$ 65,00 e R$ 130,00.
Em seu novo disco, o ex-membro dos Replicantes pretende relembrar os maiores hits que impactaram sua carreira. Desta vez, o artista optou por regravar doze clássicos atemporais, tanto de compositores nacionais como Caetano Veloso e Ednardo, quanto nomes do exterior como Bob Marley e Bob Dylan - faixas que, de uma forma ou outra, tiveram algum nível de significância para o cantor e compositor em sua trajetória ao longo dos anos.
De acordo com Wildner, todo o processo de construção do álbum ocorreu de forma muito natural. O cantor, que iniciou sua trajetória trabalhando como ator, afirma que desenvolver diferentes versões do trabalho de outros artistas é uma de suas paixões de longa data. "Eu comecei nos Replicantes como intérprete. Quando eu entrei no grupo, eles já tinham sete músicas prontas e era o (baterista Carlos) Gerbase que cantava. Aquelas letras dele eram maravilhosas, histórias de ficção científica que ele gostava muito. E para mim, como um ator, eu interpretava elas. Então, eu sempre fui um intérprete; eu comecei como intérprete das músicas dos outros para os Replicantes".
O artista conta, ainda, que o próprio título do novo disco está relacionado com sua paixão pela interpretação. Além do sentido literal de divertir, que pretende proporcionar uma verdadeira aventura para todos que decidirem ouvir as faixas, a expressão Diversões Iluminadas também pretende aludir à palavra 'versões', que constitui todo o trabalho realizado no álbum.
Tematicamente, o disco segue a mesma linha narrativa de seu antecessor, o álbum Canções Iluminadas de Amor Incondicional, lançado em 2020. Para Wander, a discussão sempre foi, e segue sendo eternamente, sobre amor: "O que que é o amor incondicional? É o amor universal, que a gente deve sentir por todo mundo, por todas as pessoas e todas as coisas. Eu falo disso. O disco fala sobre isso, tem essa ideia sobre o amor universal - no disco e no show também", conta ele.
Apesar da coesão temática, não é possível descartar a singularidade carregada por cada uma das faixas selecionadas para integrar o álbum. Enquanto interpreta uma declaração de amor repleta de esperança na canção Love Will Find You in the End, de Daniel Johnston, o artista discute a paixão e a desilusão repentinas em uma versão brasileira da canção Simple Twist of Fate, composta por Bob Dylan. Na mesma medida em que presta tributos a clássicos do rock nas faixas Times Like These, do Foo Fighters, e Beside You, de Iggy Pop, também retorna para alguns de seus sucessos brasileiros favoritos, como Dê um Rolê, dos Novos Baianos, e Sangue Latino, dos Secos & Molhados. Não há apenas uma individualidade reconhecida nas composições escolhidas, como também nas novas versões gravadas e elaboradas por Wildner.
Da mesma forma, assim como deve ser percebido pelos ouvintes no decorrer do disco, o concerto do vocalista também busca uma certa progressão narrativa. "A ideia desse disco é homenagear compositores que eu admiro muito e também mostrar a trajetória da minha vida, porque todos os meus discos são histórias do que eu venho vivendo", comenta o artista, "E no show, eu sempre espero que as pessoas se divirtam, porque ele também conta uma história. O show conta essa história das canções iluminadas de amor incondicional", complementa.
Além de passar pela capital gaúcha, Wildner também pretende levar o novo show a uma série de outras cidades do Rio Grande do Sul. Acompanhado por Rust Machado na guitarra, Clauber Scholles no baixo, Rika Barcellos na bateria e Gabriel Guedes na guitarra, o artista tem apresentações agendadas nos municípios de Viamão, Novo Hamburgo e Canoas, todos ainda nesta semana.
De acordo com o artista, a expectativa para cada um dos concertos é, como o próprio nome já diz, que as pessoas tenham um momento de diversão. Para ele, não existe nada mais importante. "Eu já fiz três shows agora no final de março, para testar o repertório, e foi muito legal. Foi incrível ver no rosto das pessoas a alegria delas, porque, realmente, não dá pra dizer que a maioria das pessoas conhece todas as músicas. Nem todo mundo ouviu Foo Fighters, nem todo mundo conhece Novos Baianos, mas eles estavam lá participando, e eu fiquei muito contente", afirma Wildner.