A nuvem de gafanhotos que avança por províncias da Argentina, e que teria começado no Paraguai, está sendo monitorada com apreensão na fronteira-oeste do Rio Grande do Sul. De acordo com Marco Camargo, diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola no Estado (Sindag/RS), pilotos já estão em alerta na região para o caso de ser necessário o combate químico dos insetos.
“A extensão da nuvem de gafanhotos poderia consumir uma área de pasto na quantidade equivalente a 20 mil bovinos em um dia. Já estamos em contato com o ministério da Agricultura e o Meio Ambiente para que tenhamos a chancela no caso de uso de químicos. A probabilidade de ingresso na fronteira-oeste é muito grande”, alerta Camargo.
De acordo com a prefeitura de Uruguaiana, ainda que nenhum registro tenha sido feito no Estado, até o momento, equipes da secretaria do Meio Ambiente estão monitorando o caso desde que a nuvem avançou pela província de Corrientes, na fronteira com o Rio Grande do Sul. Na tarde desta terça-feira (23), a secretaria estadual da Agricultura divulgará nota técnica sobre o caso.
A atenção nacional teve início ainda em final em maio, de acordo com a Metsul Meteorologia. Em comunicado divulgado ontem, a Metsul informou que o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agro-Alimentar (Senasa), do governo da Argentina, confirmou que uma nuvem enorme de gafanhotos avançou da província argentina de Formosa até chegar à província de Santa Fé e ruma para Entre Rios e Córdoba. Assim, há alerta na província de Corrientes, que faz fronteira com o Oeste do Rio Grande do Sul, e o território provincial, incluindo a fronteira gaúcha, foi colocada em estado de atenção pela Senasa.
O coordenador do programa nacional de gafanhotos do órgão, Héctor Medina, afirma que a nuvem se moveu quase 100 quilômetros em um dia devido às altas temperaturas e ao vento. Ainda segundo a Metsul, o especialista cada quilômetro quadrado de gafanhotos pode comer o mesmo que 35 mil pessoas ou cerca de 2 mil vacas por dia. A extensão da nuvem detectada, diz a Metsul, pode chegar a 10 quilômetros.
“Essa invasão pela qual estamos passando neste momento não é uma novidade, pois, nos anos anteriores, tivemos uma situação semelhante; era previsível que, em 2020, esse cenário se repetisse, estamos tentando acompanhar a situação”, explicou Medina.
O tempo frio e chuvoso, segunda a Metsul, é aguardado pelas autoridades, de açodo com a empresa de meteorologia, para frear o avanço dos gafanhotos.