Eduardo Guardia, economista, professor e ex-ministro da Fazenda (2018), nasceu em São Paulo em 1966 e faleceu cedo, aos 56 anos. Teve uma vida e carreira brilhante nos setores público e privado. Foi Secretario da Fazenda do Estado de São Paulo e Secretario de Política Econômica do Ministério da Fazenda, entre outros cargos. No setor privado foi diretor da BM&F Bovespa (hoje B3) e foi conselheiro da Droga Raia, Cosipa, Cesp e Sabesp, entre outras empresas.
Guardia, em sua dissertação de mestrado e tese de doutorado, examinou com percuciência a questão fiscal do Brasil, tema que o notabilizou, juntamente com outros que envolviam políticas públicas.
Estado, economia, desafios fiscais e reformas estruturais no Brasil: Textos em homenagem a Eduardo Guardia (Editora Intrínseca, 528 páginas, R$ 99,90, E-book R$ 49,90), obra organizada por Ana Carla Abrão, Ana Paula Vescovi e Pedro S. Malan, reúne 22 artigos de 32 autores sobre o importantíssimo legado de Guardia, um homem público, economista, empreendedor e ser humano notável.
Armínio Fraga, Elena Landau, Maílson da Nóbrega, Paulo Hartung, Pérsio Arida, Edmar Bacha, Murilo Portugal Filho, Gustavo Franco e Martus Tavares, entre outros grandes nomes da economia e das finanças do Brasil, assinam os artigos que tratam de estado, economia, desafios fiscais e reformas estruturais no Brasil. Nas páginas finais, entrevista de Guardia para o programa Roda Viva de 05 de novembro de 2018, pouco antes de deixar o cargo de Ministro da Fazenda.
Guardia trabalhou na PEC do Teto de Gastos, na Reforma Trabalhista, na Lei das Estatais e no início da Reforma da Previdência, e Henrique Meirelles, de quem foi Secretário-Executivo na Fazenda, na apresentação, diz que Guardia foi o homem certo, na hora certa no lugar certo. Meirelles o indicou para sucedê-lo e o Presidente Temer de pronto aceitou.
Pela importância de Guardia, dos organizadores e autores dos artigos e pela alta relevância dos temas, deve ser saudada a edição da obra, que vem em boa hora.
Crônicas para ler com calma - volume 3 (Editora Escuna, 130 páginas, R$ 50,00), obra apresentada por Paulo Pruss e Tailor Diniz, traz crônicas dos jornalistas Alceu Machado, Ari Teixeira, Carla Casagrande, Cíntia Lucho, Cristiano Vieira, Eladir Rodrigues, Ivani Schütz, Jaime Cimenti, Marcelo Villas-Bôas, Milton Gerson, Myrian Beck e Nilton Schüller sobre temas relevantes atuais.
O jogo da escrita (Libretos, 312 páginas, R$ 65,00), de Gisela Rodriguez, atriz, romancista, professora, mestra em Escrita Criativa e autora de várias obras, mostra Luna Lynn vivendo no futuro e no passado, no mundo oculto das sacerdotisas da misteriosa Ilha de Vergel e, ao mesmo tempo, na cidade, com seus mecanismos próprios e opressores.
Os tempos do destino - Reflexões sobre os ciclos da vida e a sabedoria dentro de nós (Editora Rocco, 144 páginas, R$ 59,90), da consagrada jornalista e escritora Márcia Peltier, a partir do livro Eclesiastes da Bíblia, traz 15 textos que falam de tempo, caminhar, sorrir, crescer e perdoar. É preciso aceitar a vida em toda sua complexidade, ensina Márcia.
O sol nasceu pontualmente, eterno, porque hoje é segunda. Dizem que esse gosto de ressaca de segunda é porque Deus teria se arrependido, ao menos um pouco, do que determinou no Dia da Criação e nos seis seguintes. O oitavo dia é complicado. Ontem foi um domingo desabrochante de luz de outono, dia de pernas para o ar, praças, churrasco, sushi, piquenique, crianças, cachorros, gatos, bicicletas, caminhadas, corridas, sogras,algodão doce, churros, água de coco, cachorro-quente, cerveja e refrigerantes. Muito sol, pouca roupa, muito riso e pouco siso. Azaração, crushes e sorrisos básicos ou nem tanto antes de um fim de noite fantástico no Barranco ou na TV.
Hoje é segunda e uns dizem que os poderes da República estão unidos, conversados, funcionando regularmente, independentes entre si, como manda a Carta Magna, a Constituição Cidadã, a Lei das Leis. Uns dizem que as coisas não estão funcionando tão bem assim. Tem mídia para todos os gostos e jornalistas competentes e comprometentes procuram a melhor versão da verdade para oferecer aos contribuintes. A mídia, o "quarto poder", deve filtrar os "contiúdos", ser um gate-keeper, um porteiro que fica checando as informações. Hoje todo mundo é seu próprio editor e todo mundo é jornalista. Todo mundo informado e dando palpite toda hora, feito as nobres e antigas lavadeiras.
Segunda é dia de correr atrás ou correr na frente, se você for colorado. Para muitos, é dia do simpático sorteio dos boletos. Muitos os chamados, poucos os escolhidos, está na Bíblia, Mateus, 22:14. Minha nonna italiana dizia que para pagar e morrer sempre dá tempo. Deve ter sido brasileira em outra vida. Segunda é dia dos cidadãos, das empresas e dos governos pedalarem, em bicicletas de verdade ou metafóricas. Melhor sem violações legais, com adequados equilíbrios fiscais e orçamentários.
Segunda é dia de trabalhar, renovar brasileiramente a esperança. O parto do Brasil é demorado, quem sabe na outra segunda... Será que a coisa começou mal por aqui na Carta de Pero Vaz de Caminha pedindo libertação do genro que tinha sofrido pena de banimento para uma ilha africana... A carta é bonita, certidão de nascimento do Brasil, melhor não colocar o Caminha no banco dos réus.
Segunda é hora de pensar que não podemos morrer na praia, de Covid ou de dengue. Hoje é segunda, a vida segue com o tempo, relógios, calendários, termômetros, oxímetros e outros medidores, alguns com dois pesos e duas medidas, como acontece desde as cavernas. O tempo é só um ponto de vista dos relógios, escreveu o Mario Quintana. Nós matamos o tempo e o tempo nos enterra, disse o Machado de Assis. Olhar para o relógio e escrever é bom para tentar colocar ordem no caos. Segunda é bom botar fé na ciência e ciência na fé. Quem sabe os Deuses Econômicos criem uma forma de distribuir melhor a renda, agradando gregos e baianos.
Esse velho mundo e essas antigas criaturas humanas sobreviventes como baratas são um verdadeiro work in progress, uma obra que não acaba nunca, como certas igrejas no Interior. Se o mundo acabar, outro nasce, danem-se os apocalípticos distópicos.
Obrigado Vinícius de Moraes pela inspiração. Não te plagiei. Falaste no sábado, dia adequado para os bons tempos da bossa nova e do Rio raiz, quando a famosa garota tinha perfume de óleo Johnson's. Nesses tempos bicudos, falei da segunda. Já escrevi minhas linhas. Agora vou para a rua, onde a vida acontece enquanto a gente faz planos de gabinete. Melhor seguir o ensinamento do Johnnie Walker, o mais vendido do mundo, que diz keep walking, mexa-se, que é segunda e as filas andam. O resto não pode ser silêncio.
(Jaime Cimenti)