O trabalho das instituições, empresas e pesquisadores que contribuem para a inovação, o empreendedorismo e a sustentabilidade no agronegócio do Rio Grande do Sul foi reconhecido na noite de ontem. Em sua 22ª edição, o Prêmio O Futuro da Terra, promovido pelo Jornal do Comércio em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) destacou nove profissionais (entre técnicos, pesquisadores, produtores) e representantes de diferentes instituições em cerimônia no auditório da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, durante a Expointer.
O diretor-presidente do JC, Mércio Tumelero, afirmou que o Futuro da Terra destaca e homenageia a cada ano, durante a Expointer, trabalhos de pesquisadores gaúchos pela representatividade e relevância na melhoria das técnicas utilizadas no campo pelos produtores rurais. "Sejam de manejo para produzir mais com menores custos, sejam soluções para o controle de doenças e pragas, esses trabalhos auxiliam em um fator decisivo para o agronegócio: o aumento da produtividade", destacou Tumelero, lembrando que os avanços devem estar sempre aliados ao respeito ao meio ambiente.
"Destacamos homens e mulheres que contribuem para oferecer ao nosso Estado e ao País, as armas necessárias para produzir mais com custos menores, e assim entrar em melhores condições na acirrada competição que é a característica dos mercados internacionais", disse Mércio Tumelero. O presidente do JC recordou que, em 2017, a agricultura brasileira colheu uma safra recorde de grãos, com 240 milhões de toneladas. No ano passado, o agronegócio sozinho respondeu por 44% do total das exportações e contabilizou um saldo de US$ 81 bilhões.
Segundo o diretor-presidente da Fapergs, Odir Antônio Dellagostin, a importância do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB) nacional e gaúcho foi conquistada graças à valorização da pesquisa científica para o setor. Dellagostin lembrou que o Rio Grande do Sul é um dos principais polos geradores de conhecimento do País, e que as pesquisas desenvolvidas no Estado são de alta qualidade, em especial nas áreas de agronomia e veterinária.
"Temos 5,5% da população brasileira e contribuímos com 6,5% do PIB nacional, mas temos 9% dos doutores e geramos 11% da produção científica do País. Em agronomia esse índice passa de 12%, enquanto em veterinária chega a 16%", destacou Dellagostin. Segundo o presidente da Fapergs, o Estado já tem uma base sólida para construção de conhecimento, mas precisa de auxílio. "Necessitamos de recursos para melhorar esse desempenho. Temos os recursos humanos, agora precisamos os financeiros. Os poucos disponíveis já estão bem destinados", afirmou.
Para o secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Irrigação, Odacir Klein, a economia gaúcha precisa de sustentabilidade e ganho de produtividade, especialmente no agronegócio. "Esse objetivo passa, necessariamente, pela produção científica", lembrou Klein. "Temos mais longevidade e mais necessidade de alimentos com menos solo disponível. Precisamos de sustentabilidade para garantir o atendimento alimentar às gerações futuras. A forma para atingir isso é a dedicação científica", destacou o secretário.
O presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, lembrou que a premiação, que está em sua 22ª edição, foi inaugurada justamente no ano em que Carlos Rivaci Sperotto, ex-presidente da Farsul que faleceu em 23 de dezembro do ano passado, assumiu pela primeira vez o comando da entidade, o que gerou aplausos emocionados da plateia. Gedeão também destacou a atuação de Giovanni Tumelero, diretor de Operações do JC. "Feliz do filho que segue os passos do pai, e feliz do pai que vê seu filho seguindo seus passos", declarou.
Gedeão criticou as divisões ideológicas do Estado. Segundo o dirigente, é preciso "deixar de lado as ideologias em nome de um ideário de ações e gestos que promovam o desenvolvimento". O presidente da Farsul afirmou que a situação de crise no Rio Grande do Sul não é culpa de governos específicos, mas dos atos que geraram a atual condição. "Construímos um Estado inviável. Do jeito que estamos, não conseguiremos avançar. A situação é tão grave que o Estado não contenta mais ninguém, nem quem tem que pagar parcelado nem quem tem que receber por etapas."
Os prêmios foram entregues a nove agraciados, divididos em quatro categorias. A priorização do critério técnico na escolha dos vencedores é fator essencial da premiação. Assim, os agraciados passam pelo crivo do Comitê Especial, formado por integrantes do Comitê de Assessoramento Científico e Tecnológico da Área de Ciências Agrárias da Fapergs, que identifica as melhores pesquisas direcionadas para melhorar o desempenho do agronegócio gaúcho, levando em conta práticas eficientes e sustentáveis.
Os premiados