Os mercados acionários da Europa fecharam o pregão desta terça-feira (28) sem direção única, ainda de olho no anúncio de um acordo entre Estados Unidos e México, divulgado na segunda-feira (28) contrabalançado por incertezas em solo europeu, com a Itália na linha de frente. O índice Stoxx-600 registrou leve queda, de 0,03%, para 385,46 pontos.
As discussões orçamentárias na Itália voltaram a pesar em meio a declarações do vice primeiro-ministro do país, Luigi Di Maio, que afirmou não descartar que o déficit público do país possa exceder o teto de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) estipulado pela União Europeia (UE), segundo informou o jornal local Il Fatto Quotidiano. "Eu não excluo a possibilidade, tudo pode acontecer. Mas não podemos dizer agora, estamos trabalhando na lei do Orçamento", disse.
Em seu Facebook, Di Maio também ameaçou vetar o plano orçamentário de sete anos da UE caso o bloco não faça mais para compartilhar o ônus das chegadas de imigrantes. "Não é um dogma apoiar o quadro financeiro plurianual nos próximos sete anos, que gostariam de apressar antes das próximas eleições europeias. Não vamos deixar que façam isso, se a situação da imigração não mudar logo, o veto será certo", escreveu.
Em meio ao cenário incerto, a bolsa de Milão liderou as perdas entre as praças europeias, à medida que o índice FTSE MIB apresentou queda de 0,85%, aos 20.620,05 pontos. Entre os bancos, o Intesa Sanpaolo fechou em baixa de 1,09%, o UniCredit recuou 2,61% e o Banco BPM perdeu 2,24%. Em Madri, o Ibex 35 encerrou o pregão em queda de 0,55%, aos 9.606,50 pontos, enquanto o PSI 20, de Lisboa, registrou baixa de 0,17%, para 5.511,79 pontos.
Na bolsa de Frankfurt, o índice DAX fechou perto da estabilidade, em queda de 0,09%, aos 12.527,42 pontos. Enquanto as incertezas pesaram nos papéis de bancos como o Deutsche Bank (-1,79%) e o Commerzbank (-1,68%), papéis de montadoras foram favorecidos devido ao acordo entre EUA e México, com a Volkswagen ganhando 1,41% e a BMW subindo 1,44%.
Também no radar de investidores está a Alemanha, que considera oferecer ajuda financeira emergencial à Turquia, segundo fontes informaram à agência de notícias Dow Jones Newswires, diante de preocupações com as consequências para o Velho Continente caso uma crise mais ampla se instaure no país euro-asiático. O auxílio poderá envolver um pacote europeu coordenado, do tipo que se liberou durante a crise da dívida da zona do euro, ou empréstimos de bancos de desenvolvimento destinados a projetos específicos.
O otimismo com o entendimento comercial entre os EUA e o México, oficializado na segunda-feira, também ajudou nos ganhos da bolsa de Paris, cujo índice CAC 40 subiu 0,11%, aos 5.484,99 pontos, e no avanço do FTSE 100, da bolsa de Londres, que fechou em alta de 0,52%, para 7.617,22 pontos, com os investidores atentos ao Brexit. Em entrevista à CNBC, o ministro de Comércio do Reino Unido, Liam Fox, disse que não quer uma saída da União Europeia sem acordo. A primeira-ministra Theresa May, no entanto, minimizou as preocupações em um discurso na Cidade do Cabo, ao dizer que um não-acordo "não é o fim do mundo".