Província-irmã do Rio Grande do Sul desde 2001, Hubei tem uma localização privilegiada na China e é apontada como o "coração" do país por sua posição geográfica e múltiplas conexões de transporte. A província tem ligação direta com 70% das principais cidades de médio e grande porte e está bem no centro das maiores regiões industriais, já que o Norte do país é a parte menos desenvolvida.
Hubei, com 62 milhões de habitantes, tem ligação direta com a maior parte da China por ar (além de ligações domésticas, tem rotas para 58 países), por água (Wuhan, a capital, é conhecida como a cidade dos rios e está às margens do Yangtzé, que tem 6 mil quilômetros e é o maior rio da China) e por terra (alcança, por trem, mais de 60 grandes cidades, inclusive com trem-bala, a mais de 300 km/h).
"Partindo de Wuhan, pode-se chegar em, no máximo, quatro horas a mais de 70% das cidades da China, em uma região que cobre 80% da produção econômica e em um mercado de mais de 100 milhões de consumidores", resume Zhang Liangua, subdiretor do escritório de assuntos exteriores de Hubei.
Hubei ocupa posição estratégica. FOTO DIVULGAÇÃO/JC
A província tem conseguido tirar proveito dessa posição estratégica de diferentes formas. Com tantas conexões, Hubei atrai milhares de jovens para suas universidades. É a província com o maior número de estudantes universitários da China, segundo Zhang, com 1,5 milhão de estudantes divididos em 124 universidades. Por consequência, Hubei também conta com grande número de profissionais capacitados e se sobressai em diferentes áreas econômicas.
O chamado Vale Óptico, que reúne produtores de tecnologia, abriga cerca de 70 mil empresas. Entre elas, a maior fabricante de fibras óticas do mundo. Criada há 30 anos em parceria com a Phillips, a Yangtzé Optical Fiber and Cable (YOFC) se tornou a maior produtora mundial do setor há três anos, ultrapassando empresas norte-americanas e japonesas.
A YOFC, que tem capital estatal e privado, por sinal, já chegou a sondar o ingresso no mercado gaúcho, por Canoas, em 2014, mas o negócio não avançou. O desembarque no Brasil, porém, deverá ocorrer de alguma forma, assegura Wang Shajing, membro do Comitê do Partido Comunista em Wuhan, professor doutor e um dos principais executivos da empresa. "Temos 26 escritórios ultramar, mas ainda nenhum no Brasil e na América Latina, mercados muito importantes para nós. Isso, seguramente, será feito nos próximos anos", diz Wang.
Os investimentos que ainda não partiram da YOFC para o Brasil, porém, já desembarcaram pelas turbinas da China Gezhouba Group Company (CCGC), outra empresa símbolo de Hubei. Responsável pela construção da gigante represa de Três Gargantas, a CCGC desembarcou, neste ano, no Brasil comprando a operação e a manutenção do sistema de águas São Lourenço, em São Paulo. Para isso, adquiriu a concessão do consórcio formado pelos grupos Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa. Com fortes investimentos já em andamento na Argentina (onde corre o risco de ter uma obra parada, em Santa Cruz, por falta de recursos públicos), a CCGC, agora, deverá abrir sua represa de recursos com mais ênfase para o Brasil.
"Vamos ampliar os investimentos no Brasil, especialmente nas áreas de geração de energia eólica e de saneamento. Ainda não estamos participando de nenhuma licitação, mas já estamos de olho em algumas", antecipa Liu Chen, executivo da CCGC responsável pela região da América Latina.