No início dos anos 2000, o aumento do uso de computadores fez aumentar os casos de afastamento do trabalho por Lesão de Esforço Repetitivo (LER). Nos tempos atuais, outro diagnóstico começa a se tornar comum no mercado de trabalho: o estresse crônico conhecido como Burnout.
A síndrome passou a atingir tantas pessoas que a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou recentemente a inclusão desse tipo de esgotamento psíquico na próxima revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID). No Brasil, uma pesquisa da Isma-BR, representante da International Stress Management Association, mostrou que 72% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho têm alguma sequela causada por estresse. Desse total, 32% sofrem de Burnout.
A administradora Helloá Regina, de 25 anos, foi diagnosticada em 2015. Estava sobrecarregada com excesso de trabalho com cursos, voluntariado e tarefas domésticas. Um dia, entrou em colapso. "Eu estava sempre doente, minha imunidade era muito baixa. Tive uma crise de ansiedade e achei que estava enfartando, mas fiz exames que mostraram que estava tudo bem. Um dia, meu celular despertou e não tive forças para levantar e ir trabalhar. Foi quando resolvi procurar terapia e comecei a cuidar de mim", conta Helloá, que precisou se afastar do trabalho por mais de um ano.
Depois de se recuperar, a administradora decidiu ajudar outras pessoas a descobrir se estão passando pelo mesmo problema. Para isso, aprofundou estudos sobre o Burnout e criou um grupo no Facebook para a troca de experiências. Sabrina Ferrer, psicóloga-chefe do FalaFreud, plataforma virtual de terapia, observa que, embora seja reconhecida desde 1974, a síndrome ainda é negligenciada, vista como "frescura":
"Cerca de 70% dos casos são advindos do trabalho. São pessoas que vivem sob pressão, com prazos de entrega curtos, e chefes que não têm um gerenciamento adequado da equipe. A situação leva a pessoa a não ter disposição para nada, e isso pode evoluir para doenças físicas, como dores de cabeça, gastrite e alergias."
O tratamento é composto por terapia, aliada à mudança de estilo de vida: alimentação saudável, exercícios físicos e mais tempo para socialização. Também é essencial diminuir o uso de aparelhos tecnológicos - como TV e celular - para aumentar o tempo em contato com a natureza. Para Ana Paula Cunha, doutora em Psicologia e professora do IBMR, empresas que investem no ambiente de trabalho têm vantagens. "Pessoas saudáveis tendem a ter mais proatividade frente aos desafios profissionais."