Será que estou sendo o professor que gostaria ou poderia ser? Acredito que a resposta mais plausível venha quando a sala de aula é, de fato, sentida. O desejo de ensinar vem da infância. Iniciei na docência e, mesmo com professores inspiradores, ninguém poderia me ensinar como lidar com a sala de aula.
A primeira experiência aconteceu ao acaso. O medo vivenciado em qualquer nova experiência que deparamo-nos foi igualmente o que senti. Ninguém nos prepara para o primeiro momento em uma sala de aula.
Imaginei uma sala com 25 alunos, e encontro 50. Pensei nas mudanças que seriam necessárias para uma turma maior. Este foi o primeiro aprendizado: é preciso saber lidar com o imprevisível, com mudanças, e improvisar. Ninguém me preparou para isso. Não havia meus mentores por lá.
Fui me adaptando. No início, o professor tem a necessidade de mostrar mais o que sabe. Eis que reside o segundo momento de aprendizado: o feedback dos alunos. Ninguém me preparou para ouvir aquelas palavras. Ninguém sabe como foi repensar tudo. A constatação foi amarga. Alguns chamariam os alunos de ingratos. Outros, nem ouviriam. O efeito de um feedback pode causar uma revolução dentro de nós. Contudo recebi com gratidão. Ninguém me ensinou a lidar com aqueles feedbacks.
Depois vieram inúmeras disciplinas. Aprendi a ouvir e dialogar mais. Aprendi a rir, brincar e unir teoria e prática. Ninguém me ensinou, mas já era mais fácil, pois já estava sentindo a sala de aula. As mudanças já aconteciam automaticamente, no momento em que sentia a necessidade. Aprendi a lógica do jogo, a sentir a vibração da música, a sentir a energia daqueles parceiros de sala. Os alunos são parceiros! Dividimos um espaço de trocas e em meio a isso, acontece um espetáculo. Quem percebe é o professor! É aquele que aprendeu a sentir a sala de aula em todas as suas complexidades. A experiência, acreditem, é incomensurável. Quem ensina ao professor? É algo que só se aprende sentindo.
Professora acadêmica e consultora em inovação