O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma desorganização neurológica que atinge milhares de crianças no mundo todo. Hoje, já há estimativas de que em cada 68 crianças, uma é autista. Há oito anos tenho vivido o autismo para além da sala de aula, meu campo profissional. Com o nascimento de meu primeiro filho, já aos oito meses percebíamos que ele não se interessava por nossa fala, não atendia pequenas ordens ou falava aquelas primeiras palavrinhas comuns a todas as crianças. Depois de uma avaliação e alguns exames, recebemos a notícia de que nosso filho era autista. Nenhum pai recebe essa notícia de forma tranquila. Surgem milhares de perguntas: como vai ser? Aprenderá a falar? Irá a escola? Conseguirá ter um emprego?
Enfim muitas indagações, incertezas, angústia e, principalmente, falta de informação. E esse foi o combustível: buscar informação, ler, conversar com outras pessoas que tenham filhos autistas, conhecer suas experiências, ir em busca de profissionais que auxiliassem no desenvolvimento. Um caminho difícil e muitas vezes doloroso por esbarrar na falta de conhecimento daqueles que deveriam instruir.
E todo o restante das pessoas que te olham e cochicham cada vez que seu filho tem uma crise e desorganiza-se gritando, que tem quatro anos e ainda usa fraldas, que aos cinco ainda não consegue falar de forma clara e que aos oito brinca de faz de conta e não consegue ter amigos com o mesmo interesse. Autismo leve, moderado, severo. Autismo em crianças, adolescentes, adultos. Nenhum melhor ou pior, todos com suas limitações. Costumo dizer que não há dias fáceis, e, sim, dias menos difíceis. O melhor é que, a partir da dificuldade do meu filho, aprendi a vibrar com as pequenas conquistas. E é por isso que, depois dos sentimentos acomodados, a nós, pais, só existe um caminho: lutar para que todos conheçam o autismo e respeitem nossos filhos, com todos os direitos que têm, iguais a qualquer outra pessoa.
Diretora de Educação Infantil da Escola Cristã Reverendo Olavo Nunes