Caroline da Silva

Começa hoje, pela Capital, a turnê nacional do espetáculo com que a icônica artista brasileira Fafá de Belém comemora seus 40 anos de carreira. No show do DVD Do tamanho certo para o meu sorriso, a cantora paraense apresenta 17 canções, sendo 10 inéditas, com concepção artística de Paulo Borges, a partir das 21h, no Teatro do Bourbon Country (Túlio de Rose, 80). Os ingressos custam entre R$ 100,00 e R$ 140,00 e estão disponíveis na bilheteria do local, no site www.ingressorapido.com.br e compra pelo call center 4003-1212.

Em entrevista, a intérprete diz que o Rio Grande do Sul é um estado que ama, pois tem "uma forte relação musical e muitos amigos" por aqui. Ela conta que foi o primeiro local do Sul que conheceu, quando começou sua primeira turnê. "Completei 20 anos em Porto Alegre, em 1976, na casa de Luiz Coronel!"

Fafá esteve pela última vez na cidade há um ano, no tradicional concerto gratuito em homenagem ao Dia das Mães, realizado no Auditório Araújo Vianna em 8 de maio de 2016. Com grande público e momentos emocionantes, ela e sua filha Mariana interpretaram grandes sucessos ao lado da Orquestra Unisinos Anchieta, com regência de Evandro Matté.

Agora, ela volta com um show totalmente reformulado. Do tamanho certo para o meu sorriso é um espetáculo diferenciado em sua longa trajetória. A cantora convidou Paulo Borges para a concepção e direção-geral, e juntos ousaram em um formato com cenários especiais e apenas dois músicos no palco: os guitarristas e compositores paraenses Manoel e Felipe Cordeiro, pai e filho, responsáveis pela direção musical. Ambos haviam assinado a produção do CD homônimo (que já representava um retorno de Fafá às suas origens), cujo show foi gravado ao vivo, em 11 de agosto de 2016, no Teatro Bradesco, em São Paulo, para resultar no DVD.

Pontuado por canções como Meu coração é brega, de autoria de Veloso Dias, feita para a própria Fafá, o disco traz temas que compõem um resgate artístico e emocional da intérprete. Por isso o show de hoje à noite proporciona uma verdadeira viagem em torno da história pessoal dela, percorrendo suas atitudes, gestos, memórias, referências e visões de Belém do Pará. Projeções acontecerão durante todo o espetáculo, e a cantora sai de cena duas vezes para trocar de figurino, elaborado especialmente pelo estilista Luis Claudio, da APTO 03. "A música não será só o que se ouve, teremos a música como imagem do que se sente e se vê", explica o diretor Paulo Borges.

Sobre a origem dessa ideia, a artista relata que, certa vez, estava na casa de uns amigos em Belém e alguém chegou com um violão: "Começamos a cantar, como sempre acontece desde minha infância. E, então, o Veloso me mostrou Meu coração é brega. Fui tomada por uma emoção grande. De repente, minha cidade veio como os cheiros de Belém, o batom vermelho que nós gostamos de usar... E aí nasceu o disco". Já a escolha do título do trabalho (Do tamanho certo para o meu sorriso é um verso da canção O gosto da vida, de Péricles Cavalcanti, de 1982), totalmente apropriado ao carisma de Fafá, veio de uma sugestão do DJ Zé Pedro, dono da gravadora Joia Moderna, responsável pelo lançamento do álbum. "Um dia estávamos gravando e procurando um nome para o CD e ele sacou este verso. Acho lindo!"

Entre os clássicos da carreira, só foram confirmados no repertório de hoje Bilhete e Abandonada. Ela diz que o restante é surpresa. Entre as novas canções estão Asfalto amarelo (Manoel e Felipe Cordeiro/Zeca Baleiro), Pedra sem valor (Dona Onete), Quem não te quer sou eu (Firmo Cardoso/Nivaldo Fiúza), Usei você (Silvio Cesar) e Volta (Jonny Hooker).

Em 40 anos de estrada, Fafá nem tem ideia de quantas músicas cantadas por ela já integraram trilhas de telenovelas. "Sempre é bom emplacar uma canção em uma trama. Quanto mais tocar mais pessoas terão acesso, e a audiência de uma novela tem grande alcance." Uma das maiores artistas com presença de palco que temos no Brasil, além de parecer confortável nas participações em programas de TV, também tem talento para as gravações dos clipes oficiais dos seus trabalhos. "Gosto da palavra. Adoro interpretar o que canto", destaca a paraense.