O desafio de colher safras cada vez maiores e a estimativa de alta no consumo mundial para os próximos anos colocam na pauta dos produtores e das empresas agrícolas o desafio de produzir mais sem gerar aumento de custos e de desperdícios. Se o ano é de retomada para o setor de máquinas agrícolas, um atrativo a mais para a efetivação das expectativas vem da inovação.
Uma verdadeira revolução no conceito de máquinas agrícolas começa a se ensaiar com o lançamento do trator autônomo da Case IH, do grupo CNH Industrial. Sem a necessidade de um condutor, a máquina permite o monitoramento remoto das operações pré-programadas pelo produtor rural. A novidade foi apresentada pela primeira vez no Brasil durante a Agrishow, feira internacional de tecnologia para a agricultura, em Ribeirão Preto (SP), e é a maior atração do evento deste ano.
Ainda não há data para a comercialização do modelo, mas a previsão é de que chegue ao mercado em até cinco anos, de acordo com a fabricante. Questões como legislação específica e marco legal para o seu uso são alguns dos entraves. Como próximos passos, a empresa prevê projetos-pilotos de teste da usabilidade da interface em outras máquinas, além trabalhar para entender a aceitação do produtor. Estando pronto para ser comercializado, o Brasil deve ser o primeiro país a iniciar as vendas, adianta o vice-presidente da Case IH na América Latina, Mirco Romagnoli, que aponta a extensão territorial brasileira e a carência de mão de obra na temporada de plantio como fatores propícios.
A principal mudança que a máquina sem operador promete ao campo é a capacidade de trabalhar 24 horas. O maior aproveitamento do dia garante ampla janela de plantio, evitando perdas. Segundo a Case, isso gera expressivo impacto na produtividade. A captação de dados pelo sistema de inteligência artificial do trator também possibilita traçar rotas de plantio que sejam mais eficientes para o produtor.
"A mecanização das máquinas têm papel fundamental na evolução da agricultura. A agricultura de precisão já é uma realidade para a eficiência da produção e para a redução de custos, e o trator autônomo é a evolução disso", define Christian Gonzalez, diretor de marketing da Case IH na América Latina.
Os investimentos da marca em novos produtos somaram U$ 40 bilhões em 2016. Os aportes todos tomam a frente pelo desenvolvimento de uma "agricultura do futuro", afirma Romagnoli.
Entre a oferta de inúmeras tecnologias e a utilização delas pelo produtor, no entanto, existem as dificuldades de conexão com a internet. Preocupada com a viabilidade dos acessos, a John Deere vem tentando parcerias com empresas de telefonia e de dados para possibilitar o uso máximo das tecnologias em locais onde a conexão é fraca ou inexistente.
A concepção "menos ferro e mais inteligência" é aposta da John Deere. O diretor de vendas da marca na América Latina, Rodrigo Bonato, diz que já passa de 50% o uso da tecnologia no campo. As novas soluções têm sido adotada em todos os nichos, do pequeno ao grande produtor, dadas as devidas proporções.
De carona nos parâmetros ambientais de emissão de poluentes, em vigor desde janeiro, a Valtra, uma das marcas do grupo AGCO, apresenta os lançamentos deste ano com uma linha de máquinas toda focada no tratamento de gases. O Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores para máquinas agrícolas e rodovias (Proconve MAR-1) estabeleceu limites de emissões de poluentes para máquinas com potência entre 101 cv até 761 cv. As fabricantes já vinham, desde o ano passado, se adequando ao novo padrão.
Os motores eletrônicos possuem tratamento de emissões em cima de tecnologias que diminuem o consumo de combustível e aumentam a vida útil dos componentes. A AGCO investiu 35 milhões para implantação de laboratórios que desenvolvessem o controle de emissões. O modelo T CVT 250, já equipado com a tecnologia dos motores eletrônicos, foi eleito o Melhor Trator do Ano 2017, em prêmio organizado pela revista Agriworld.
Agrishow anuncia comando para biênio 2018/2019
As entidades realizadoras da Agrishow anunciaram ontem a nova presidência da Agrishow para o biênio 2018-2019. O vice-presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Francisco Matturro, passa a ser o presidente da Agrishow, nas edições 2018 e 2019. O cargo, até o final da edição 2017, continua sendo exercido pelo presidente da Federação da Agricultura de São Paulo (Faesp), Fabio Meirelles, que está à frente da feira desde 2015.
Em seu discurso, Meirelles agradeceu o apoio recebido de lideranças setoriais, empresários e governamentais e pelo produtor rural. "Em nossa gestão, a Agrishow teve um crescimento expressivo, mas gostaria de destacar que todo sucesso não decorre apenas de uma pessoa, mas sim é fruto de um trabalho de todos." Matturro reforçou o compromisso em continuar a gestão realizada por Meirelles e ressaltou que exercerá a função de presidente da Agrishow. "Estou presente desde a primeira edição e garanto que é uma missão muito importante, que exige muito trabalho e esforço." O presidente do conselho de administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Carlos Marchesan, enfatizou a importante contribuição de Meirelles como presidente da Agrishow. "A feira tem recebido, nos últimos anos, um público cada vez mais qualificado, interessado em negócios. Temos sempre a participação de lideranças governamentais para discussão de políticas públicas que contribuam com o desenvolvimento do setor no País", avaliou.