O ministro das Relações Exteriores, José Serra, defendeu ontem uma maior liberação comercial entre países do Mercosul. Segundo ele, existem atualmente 80 medidas ou situações que dificultam o comércio entre os parceiros do bloco. Ao participar de evento da Fundação Getulio Vargas (FGV) que debateu a inserção do Brasil no comércio internacional, Serra afirmou que, a despeito dessas barreiras, não percebe grande resistência dos governos à maior abertura entre os membros do Mercosul.
Serra também ampliou sua análise aos demais países da América Latina, citando que as exportações da região devem cair mais de 5% em 2016, no quarto ano seguido de retração. No ano passado, a queda já tinha sido de 15%. "Temos, na América Latina, o pior desempenho em oito décadas, o que mostra que não é uma situação passageira", assinalou Serra, acrescentando que o comércio inter-regional deve cair 10% neste ano, muito devido à crise no Brasil.
Durante seu discurso, Serra afirmou ainda que as eleições na França e na Alemanha devem comprometer o ritmo das negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia, apesar do empenho do governo no tema, considerado prioritário. "Não é um panorama que vá favorecer a aceleração", disse o chanceler, que também pediu um olhar não imediatista para as medidas que estão sendo tomadas pelo ministério.