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Coronavirus

- Publicada em 17 de Fevereiro de 2021 às 18:26

'Perspectiva é sombria', alerta epidemiologista sobre momento da pandemia no RS

'Se não houver leitos, para um esgotamento e colapso, é um passo', previne Petry

'Se não houver leitos, para um esgotamento e colapso, é um passo', previne Petry


PAULO PETRY/ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Patrícia Comunello
"Não sou pessimista, mas a perspectiva é sombria", advertiu o professor e epidemiologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Paulo Petry, sobre o cenário da pandemia neste momento em Porto Alegre e no Estado. A aceleração de internações clínicas e em UTIs acendeu mais uma vez o alerta sobre a capacidade do sistema de saúde de suportar a pressão. 
"Não sou pessimista, mas a perspectiva é sombria", advertiu o professor e epidemiologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Paulo Petry, sobre o cenário da pandemia neste momento em Porto Alegre e no Estado. A aceleração de internações clínicas e em UTIs acendeu mais uma vez o alerta sobre a capacidade do sistema de saúde de suportar a pressão. 
"Se não houver leitos - e já se nota a sobrecarga -, para um esgotamento e colapso é um passo". elevou o tom Petry, defendendo que as autoridades de saúde e da gestão municipal e estadual precisam agir e rápido. O Gabinete de Crise estadual também fez o alerta da maior ocupação, quando anunciou as bandeiras na sexta-feira passada.  
O professor cita, por exemplo, que não é hora de retorno das aulas presenciais, que intensificou nesta quarta, e apontou que a detecção em Gramado da variante P.1, apelidada de variante de Manaus, do novo coronavírus e que pode ser mais transmissível, é suficiente para um recuo. 
O painel de dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES) mostra que o Rio Grande do Sul atingiu o maior nível de internações clínicas por Covid-19 em toda a pandemia, desde março de 2020. Nesta quarta-feira (17), eram 1.473 doentes em leitos de enfermaria, o que inclui casos que deveriam estar em UTI e não conseguem vaga. A alta é de 37,5% em uma semana, frente ao dia 10, quando eram 1.071 baixados. Os casos clínicos também mantêm em ritmo crescente, segundo os dados do painel.
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Uso de máscara e distaciamento devem continuar, ampliando a proteção,pois não há tratamento, alerta epidemiologista
Já nas unidades de tratamento intensivo, o número é de 969 casos, maior ocupação desde 25 de dezembro, quando 986 pacientes com a doença estavam recebendo cuidados por complicações. O efeito é imediato, com a ocupação em quase 80% do total de leitos intensivos, cenário que mudou rapidamente desde a semana passada. Nesta quarta, 47% dos 2.121 internados em UTIs são de confirmados para Covid. Se forem somados os 178 suspeitos, a taxa chega a 55%.  
Em Porto Alegre, a sirene de alerta toca desde essa terça-feira (16). O Hospital Moinhos de Vento restringiu o atendimento a casos mais leves de Covid-19. A UTI tem 100% de ocupação. O Hospital de Clínicas, com maior estrutura voltada à pandemia no Estado, comunicou nesta quarta-feira o cancelamento de cirurgias que demandem leitos intensivos e também de casos não eletivos e vai abrir vagas para suspeitos e confirmados de Covid em enfermaria. 
As UTIs somam 310 confirmados com Covid-19 e mais 38 suspeitos. Quase metade das vagas está vinculada à pandemia, observou a prefeitura, em nota nesta quarta-feira, na qual reforçou que a população não "se descuide das regras de higienização, distanciamento interpessoal, uso máscaras e combate a aglomerações". A ocupação é de mais de 91%, nível considerado muito crítico pelas equipes de saúde. 
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Flagrantes de festas clandestinas se repetem em Porto Alegre. Foto: Guarda Municipal/Divulgação 
"A colaboração dos porto-alegrenses é fundamental para controlar a proliferação do coronavírus, manter a economia ativa e garantir a volta às aulas com segurança", elencou o município, que vem flagrando festas cladestinas quase todo dia.
"Apelo de se proteger não tem efeito. Pedir uso de máscara e distanciamento não é mais segredo. Teria  de ter posição mais firme", amplia Petry, lembrando que as situações observadas desenham um momento muito preocupante. O epidemiologista traça o ciclo da pandemia: aglomerações, uma semana depois o aumento de casos e, na semana seguinte, mais internações, sendo que algumas terminam em óbitos.
“Flexibilizamos as atividades, ao mesmo tempo em que exigimos mais responsabilidade de empresários e comerciantes. Todos têm que fazer a sua parte”, diz, na nota, Renato Ramalho, secretário extraordinário de Enfrentamento à Covid-19, que não cita eventuais medidas restritivas.
Os dados da pandemia nesta quarta-feira apontam que o Estado chegou a quase 600 mil infectados e 11,5 ml mortes. Em 30 dias, são quase cem mil novos infectados.    
Petry alerta que a circulação ascendente e com intensidade do vírus também é risco para mais mutações, o que pode ser um problema até mesmo para a cobertura das vacinas, que atuam sobre determinadas linhagens conhecidas. 
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Vacinação de idosos ocorre na faixa acima de 83 anos, e a ampliação dependerá de mais doses. Foto: Luiza Prado  
O epidemiologista lembra ainda que "não há medicamento eficaz contra a Covid e que a vacinação está em ritmo muito lento", que ele associa a falhas na coordenação da Saúde no governo federal que demorou a firmar as aquisições e regras de aprovação. Sobre a oferta de imunizantes, a última remessa já esgotou em muitas cidades gaúchas. Na próxima semana, devem desembarcar 300 mil doses, o que atinge 150 mil pessoas devido à aplicação de duas doses. 
O começo da vacinação pode até ter causado um certo relaxamento, admite Petry, mas ele lembra que é preciso fazer as duas doses e aguardar alguns dias para alcançar os níveis de produção de anticorpos. "As vacinas não conferem 100% de proteção, quem contrair o vírus pode transmitir." 
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