Com mestrado em Computação, sem jamais ter encostado em uma vaca, o criador de uma das mais reconhecidas tecnologias capazes de "traduzir" o comportamento dos ruminantes, Leonardo Guedes, é a mente por trás da Cowmed. Ao lado do sócio Thiago Guedes, seu irmão e engenheiro mecânico, ele conta que a ideia de criação de uma coleira capaz de obter informações gerais sobre a saúde dos animais surgiu como uma brincadeira. Hoje, a Cowmed é a empresa de monitoramento animal que mais cresce no Brasil.
Mas engana-se quem pensa que a trajetória foi fácil. Gestada durante quatro anos de muita pesquisa e desenvolvimento de protótipo dentro da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e ainda com o nome de ChipInside, a coleira de monitoramento animal foi lançada em 2014 na Expointer e "não contou com a venda de nenhuma unidade", conta Guedes. Nos dois anos seguintes, as vendas foram incipientes, e a empresa quase quebrou. Foi nesse momento de dificuldade que os empreendedores tiveram "um estalo de como tornar o negócio realmente indispensável para os criadores". "Certo dia vi que as vacas leiteiras de um cliente-piloto, situado no Uruguai, estavam ruminando muito pouco. Liguei para ele e, um tempo depois, constatou-se que realmente algumas delas estavam ficando doentes", diz Guedes. O feedback desse produtor sobre a relevância da experiência de receber uma informação importante como essa tão cedo levou ao reposicionamento da empresa e à criação da Cowmed.
O novo nome busca fazer alusão ao que a solução pretende: servir como um plano de saúde dos ruminantes. Focada no setor leiteiro, a Cowmed desenvolve coleiras e sistema de acompanhamento remoto. Pela tela de um smartphone ou tablet, o produtor acompanha em tempo real a ruminação, atividade e ócio de seus animais, confinados ou a campo, e recebe na palma da mão informação sobre o cio, alertas precoces de problemas de saúde e avisos de alterações de dieta ou manejo. A tecnologia vem para solucionar dois dos maiores desafios dos produtores de leite, diz Azevedo. "O primeiro deles é a detecção de cio, que ocorre apenas a cada 21 dias e, normalmente, pela madrugada", explica o empresário. Os ganhos de produtividade aumentam consideravelmente com a informação exata do melhor momento de inseminação.
Outro ponto importante é o acompanhamento de como vai a saúde de cada animal. A Cowmed verifica os sintomas de doença até três dias antes dos sinais físicos poderem ser observados por quem está lidando no dia a dia com o rebanho. "No caso de clientes com muitas vacas em lactação, essa tecnologia vem para salvar vidas. Em seis meses, conseguimos reduzir cerca de 15% a mortalidade em uma fazenda que usa bem o sistema", garante Azevedo.
"Nosso grande objetivo é ajudar o produtor de leite nacional, do pequeno ao grande, a crescer, garantindo o acesso à tecnologia de ponta a um valor justo. O Brasil tem o maior rebanho de vacas do mundo e, no entanto, está na quinta posição no ranking de produção de leite devido à baixa produtividade no País", informa o sócio da Cowmed. Há dois anos no mercado, a Cowmed soma mais de 15 mil animais monitorados e está presente em cerca de 150 fazendas em outros 10 estados além do Rio Grande do Sul. Entre os colaboradores estão técnicos, veterinários e zootecnistas, que acompanham a propriedade e treinam a equipe das fazendas para fazer o melhor uso da ferramenta. O faturamento em 2018 girou em torno de R$ 1 milhão, e o objetivo é que o valor, em 2019, aumente com a ampliação no número de coleiras instaladas para 20 mil.
Veja a lista completa de vencedores:
PRÊMIO ESPECIAL
STARTUP DO AGRONEGÓCIO
CADEIAS DE PRODUÇÃO E ALTERNATIVAS AGRÍCOLAS
INOVAÇÃO E TECNOLOGIA RURAL
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL