Em franco crescimento no País, o empreendedorismo feminino foi pauta da reunião-almoço Tá na Mesa, promovida pela Federasul nesta quarta-feira. Segundo a presidente da entidade, Simone Leite, o objetivo do evento foi encorajar as mulheres para que tenham voz ativa na sociedade. "Precisamos nos apoiar para construirmos uma realidade diferente. E é por isso que queremos todas juntas, vivenciando diferentes situações." Dados publicados pelo Sebrae no ano passado, o número de mulheres empreendedoras no Brasil cresceu 15,4% - saltando de 6,9 milhões para 8 milhões em 10 anos (entre 2005 e 2015).
Os índices revelam, também, que, nesse período, a participação das mulheres no total de empreendedores passou de 30,7%, em 2005, para 31,6%, em 2015, em todo o território nacional. Outro fator relevante da pesquisa é que os negócios liderados por elas sobrevivem mais em tempos de crise. "O mercado mudou, e a força mais libertadora da história das mulheres foi a possibilidade de direcionarem o rumo das suas vidas", disse a presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), Giovana Stefani, uma das convidadas a falar sobre carreira, as dificuldades de empreender no Brasil, e o preconceito com o gênero feminino no mundo corporativo.
"É importante frisar, que entramos no mercado ao lado dos homens e não contra eles. Muitas de nós tomaram coragem para assumir riscos e montarem seu próprio negócio", destacou Giovana. Na opinião da dirigente, que integra o comitê de governança do Grupo Stefani, mesmo com tantas adversidades, o País é formado por um povo "muito empreendedor, formado também por muitas mulheres". Ao relatar sua experiência individual, ela contou que vem de um núcleo familiar no qual a maioria é de mulheres. "Todas sempre tiveram papel fundamental para o bom andamento dos negócios do meu avô, que foi um grande exemplo de empreendedor, ajudando muitas pessoas no processo de abrir suas próprias empresas."
Inserida no setor de tecnologia desde que trocou o curso de Pedagogia, na Uergs, pelo de Análise de Sistemas, na Pucrs, há pouco mais de 10 anos, a presidente regional da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-RS), Aline Deparis, conceituou que "empreender passa por resolver um problema e receber por isso". Após destacar que mais de 40% das empresas brasileiras são geridas por força de trabalho feminina, principalmente em departamentos financeiros e de recursos humanos, Aline apontou que, em 2019, o País entrou no ranking dos que têm mais mulheres no papel de liderança. "No entanto, os cargos de CEO ainda são predominantemente masculinos."
Ao ponderar que empreender é "domar um leão por dia", a presidente da Assespro-RS aconselhou a ala feminina que almeja criar um negócio próprio a "não ter medo de arriscar e acreditar em sociedades de forma condicional", quando ocorrerem. Já a diretora da Revista Voto, Karim Miskulin, confessou que "nunca seguiu pesquisas, mas o coração". "Acho que empreender é trabalhar com o lado não racional - em desacordo com tudo que se fala sobre o tema, sempre segui minha intuição e meus objetivos, e obtive sucesso." Karim destacou, ainda, que uma das características que ajudaram na sua carreira foi ter, desde a infância, "uma veia empreendedora forte". "E, sem saber, eu sempre fiz política nas minhas iniciativas durante a vida. Quando olho o que fazemos, vejo que o que mais fazemos é construir elos", disse a presidente da Assespro-RS. O evento desta edição do Tá na Mesa integrou o projeto de curadoria de conteúdo Aceleradora de Mulheres Empreendedoras, desenvolvido pela Federasul para ser um espaço de fortalecimento da rede feminina no Estado.
Desburocratização traça planos para o Estado ser atrativo a empreendedores
A primeira reunião de trabalho do Conselho Estadual de Desburocratização e Empreendedorismo foi realizada nesta quarta-feira, na Secretaria de Governança e Gestão Estratégica (SGGE). O conselho, vinculado à SGGE, em parceria com o Sebrae, tem a missão de coordenar a implementação da política de desburocratização no âmbito do Poder Executivo estadual e de servir como mecanismo de proteção e participação dos usuários de serviços públicos.
O conselho será um fórum permanente de monitoramento da evolução da desburocratização, afirma o secretário da SGGE, Claudio Gastal. "Esse tema é considerado fundamental pela atual gestão do governo. Recentemente, aderimos à Rede Gov.BR, que tem o mesmo objetivo, mas com enfoque na união de esforços via boas práticas de governança digital. Nosso objetivo é criar um ambiente favorável para o empreendedor e possibilitar um maior desenvolvimento econômico e social no Estado."
No encontro, foram definidas a dinâmica dos trabalhos e a periodicidade das reuniões (a próxima será dia 2 de maio), além de iniciar a elaboração do Regimento Interno do Conselho. Também foi apresentado um cenário da burocracia no País e no Estado, e a divulgação dos resultados da RedeSimples, uma das principais entregas que resultaram dessa parceria entre poder público e Sebrae.
"É preciso fazer algo para facilitar a vida de quem quer abrir um negócio e gerar empregos no Estado. O lado positivo é a RedeSimples, que significa menos burocracia para iniciar um empreendimento", disse André Vanoni de Godoy, diretor-superintendente do Sebrae no Rio Grande do Sul.
Em relação à RedeSimples, 161 cidades gaúchas já estão integradas ao sistema que facilitou a abertura de 83% das micro e pequenas empresas desses municípios. Todos os órgãos estaduais que emitem permissões para se abrir um negócio no Estado já estão integrados - JucisRS, Receita Federal, Corpo de Bombeiros, Vigilância Sanitária, Meio Ambiente e Secretaria da Fazenda. Ações com esse enfoque fizeram o Brasil avançar 16 posições no ranking do Banco Mundial que compara o ambiente de negócios em 190 países do mundo. O País passou do 125º para o 109º lugar em 2018.