O crescimento da adoção de cloud vinha acontecendo em um ritmo cadenciado, até que teve um boom com a chegada da pandemia da Covid-19. E não só não existe perspectiva desse ritmo diminuir como há uma forte tendência de as empresas intensificarem a migração de aplicações críticas, aposta o CTO de Cloud & Cognitive da IBM Brasil, Wagner Arnaut.
“As empresas entenderam que podem ter novas maneiras de trabalhar, agregar valor aos negócios e engajar os clientes por meio desta tecnologia. O crescimento será exponencial”, projeta. A IDC prevê que o mercado de cloud em 2020 deve registrar um crescimento de 30%, em comparação com o ano anterior. Os investimentos em casos de uso críticos podem chegar a R$ 1,7 bilhão.
Até então,a migração das empresas para a nuvem vinha acontecendo de forma constante, mas, ainda muito focados em aplicações mais periféricas, como e-mails. Com a pandemia, o mercado começou a ter que analisar, seriamente, a estratégia de levar o core do negócio para esse ambiente. “É quase como se a pandemia tivesse forçado as companhias a colocar em cloud as suas aplicações principais para conseguirem acomodar todo volume de usuários que migrou para o mundo virtual”, explica Arnaut.
Isso significa disponibilizar neste ambiente dados mais sensíveis para os negócios – o que sempre gerou receio sob o aspecto da segurança. Para o executivo, isso aponta para uma tendência. A da criação de clouds para indústrias especificas, como para a financeira ou médica, por exemplo, levando em consideração regulamentações e funcionalidades mais aderentes a cada setor. Em 2019, a IBM lançou a sua cloud própria para os serviços financeiros.
O aumento da procura por cloud, que ocorreu a partir do primeiro trimestre, teve três motivações principais. Uma delas que foi o fato de que muitos players se viram diante do desafio de lançar novas soluções digitais rapidamente, para dar uma resposta ao que o momento do mercado estava exigindo.
A segunda foi a demanda por flexibilidade, que a nuvem oferece. “Varejistas, instituições financeiras e outras empresas tiveram um incremento da procura digital dos clientes e precisaram dimensionar melhor a sua infraestrutura”, conta. E o terceiro motivador foi a agilidade para fazer essas mudanças.
Não que esse crescimento tenha sido estruturado. “Os clientes e funcionários, de repente, estavam todos em casa e era necessário lançar rapidamente soluções para atendê-los. Passado esse momento inicial, as empresas estão conseguindo se reorganizar e, em alguns casos, isso envolve criar uma estratégia clara de nuvem”, relata o gestor.
Foi algo que aconteceu em todas as verticais e em empresas de todos os portes. Indústria e varejo foram duas das que precisaram se movimentar rápido, apesar de muitas já terem uma jornada anterior com cloud. O setor financeiro, que sempre foi mais conservador com essa tecnologia, também acelerou, assim como educação e saúde.
Um aspecto importante destacado pelo CTO de Cloud & Cognitive da IBM Brasil, é o fato de que a Inteligência Artificial (IA) rodando na nuvem, cada vez mais, potencializa a inovação dos negócios. Um exemplo foi o portal CoronaBr (www.coronabr.com.br), criado por especialistas em saúde Axxon Health Tech, e que conta com a infraestrutura da nuvem pública da IBM e o Watson para atender a toda demanda de acesso.
Um enfermeiro virtual ajuda o cidadão de qualquer parte do Brasil a identificar os primeiros sintomas da Covid-19. “Cerca de 24 horas depois deles lançarem o portal, tiveram mais de 1 milhão de acessos. Em 48 horas, eram seis milhões. O fato de usarem cloud deu flexibilidade para aumentarem ou reduzirem a infraestrutura conforme os acessos”, relata Arnaut.