A palavra privatização, só de mencionar provoca polêmica. A perspectiva do interesse pelo lucro quase sempre é vista como imoral por tendências políticas extremadas e ultrapassadas, o que faz com que discutir privatização deixe de situar-se no terreno dos proveitos que a população possa vir a obter com a colaboração da iniciativa privada para ficar no terreno do ódio ao possível enriquecimento dos que empreendem no mundo da economia. Trata-se de um debate contaminado por pré-conceitos. Do lado oposto dos que se recusam a conversar sobre a privatização, há os que querem fazê-la de qualquer jeito. Coloco-me entre os que entendem que debater o jeito é tão importante quanto tomar a decisão sobre este caminho.
O governador insiste no envio em cima do laço de projeto para realizar o plebiscito necessário à aprovação de privatizações junto com as eleições de outubro. O plebiscito, embora instrumento relevante de democracia direta, não pode ser utilizado de modo inconveniente, em momento não oportuno, sem o amplo debate e a busca do maior esclarecimento.
Da forma como o Piratini quer executá-lo não haverá discussão verdadeira por falta de tempo suficiente para esclarecer o eleitor. Vai apenas sobrecarregá-lo com mais três escolhas (sim ou não à venda de três estatais) além das seis que terá que fazer: presidente, governador, dois senadores, dois deputados. O momento é tão inoportuno que o plebiscito pode tornar-se, inclusive, inútil, caso a decisão sobre as privatizações não seja da simpatia dos governantes que vierem a ser eleitos.
O governo, que demorou a trazer a privatização como alternativa para a recuperação financeira do Estado, erra quando quer cumprir um dos pré-requisitos de tal política ao fim do seu mandato e em meio ao provavelmente mais polarizado enfrentamento eleitoral da nossa história. A proposta, agora, consegue ser, a um só tempo, apressada e tardia.
Presidente do PSDB/RS