Em outubro do ano passado, o governo Sartori (PMDB) anunciou a venda de 49% das ações ordinárias do Banrisul e de 100% das ações preferenciais. Dois meses depois, desistiu da oferta. Em abril deste ano, anunciou oficialmente o adiamento do leilão, mas, três dias depois, voltou atrás novamente e marcou a venda para o dia seguinte. Com a estranha intermediação do banco BTG Pactual, foram vendidas 26 milhões de ações, totalizando R$ 485 milhões.
Curiosamente, 15 dias depois, o valor das ações já havia se valorizado em mais de 10%, acumulando rendimento equivalente a um ano da poupança. Não bastassem as decisões contraditórias, em 27 de abril, o governo Sartori surpreendeu o mercado e vendeu 2,9 milhões de ações ordinárias por R$ 17,65 a unidade, arrecadando R$ 52,5 milhões. O valor ficou 31% abaixo do praticado no pregão anterior, causando prejuízo inexplicável ao erário. Novamente, quem ofertou as ações foi o BTG Pactual. A decisão de vender na baixa causa estranheza.
Qualquer controlador de ações, quando planeja colocar à venda seus ativos, realiza anúncios e eventos para valorizar o negócio. O governo Sartori agiu de forma contrária. Esperou desvalorizar para vender, e o fez de maneira sorrateira.
Os fatos levaram a questionamentos do próprio mercado financeiro, até agora sem respostas. Se o governo Sartori queria arrecadar recursos, por que operar para desvalorizar seus ativos? Por que a venda foi intermediada por um banco privado, se o Banrisul possui corretora valores? E por que arrastar a venda até o ano eleitoral?
O governo Sartori tem legitimidade para tomar a decisão que melhor lhe convier. Mas, tratando-se de instituição pública, a maneira como conduziu as operações levanta suspeitas sobre as reais motivações. Esperamos que o governador esclareça o motivo dessas manobras que contrariam o princípio constitucional da transparência, obrigatório para atos de qualquer gestor público.
Deputada estadual (PT)