Ricardo Gruner
O período de férias já reservou ao público infantil Moana - um mar de aventuras, filme que bateu a bilheteria de Frozen no Brasil e se tornou a produção da Disney mais vista nas salas do País. Agora é a vez de outro título que promete movimentar os cinemas: Lego Batman - o filme, animação destinada aos mesmos espectadores - mas que faz de tudo para agradar também aos entusiastas da cultura pop.
Com estreia nesta quinta-feira, o longa-metragem parte do mesmo material que o original Uma aventura Lego - sucesso de 2014 inspirado no brinquedo homônimo. Coadjuvante no primeiro filme, dessa vez o homem-morcego é o centro da narrativa. No roteiro, Batman é apresentado como o estereótipo de cara durão: não manifesta sentimentos, evita relacionamentos e está sempre fazendo questão de demonstrar protagonismo. Entretanto, o vilão Coringa se vê frustrado ao ouvir - cara a cara - que não representa nenhum tipo de arqui-inimigo para o herói. Resta ao antagonista a ideia de bolar um plano para mudar essa situação.
É a irreverência que faz com que essa nova releitura resulte em uma versão divertida do protagonista. Há piadas com as várias adaptações das histórias do personagem no cinema ou na televisão, mas também com seus paradoxos e os limites de razoabilidade dos quadrinhos. Para se ter uma ideia, Batman não paga impostos e nem acredita na ideia de reunir um grupo de supervilões para combater outros bandidos. Em meio a tudo isso, o enredo dedica-se a apresentar alguém que deve encontrar vida em uma família substituta - já que a de sangue está fora de alcance.
Visualmente, o filme deve muito à produção de 2014. A animação simula um stop-motion, com as peças de lego se montando e desmontando quase passo a passo na frente do espectador. Parte da equipe de realizadores é até a mesma: diretores e roteiristas do original, Phil Lord e Christopher Miller agora assinam como produtores. O designer de produção também aparece mais uma vez nos créditos. Quem estreia é o cineasta encarregado da direção, Chris McKay, da série Frango robô.
Se em muitos momentos a obra é muito mais Batman do que Lego, a liberdade criativa associada ao brinquedo aparece subjetivamente na narrativa. Além de Bruce Wayne, o Coringa e outros personagens vindos das HQs da DC Comics, o título aumenta a gama de referências a partir de outros títulos do catálogo da Warner Bros., responsável pela obra. Misturar, afinal, também é criar.
Mais do que contar uma história, o estúdio deve - a depender dos números - consolidar uma franquia com Lego Batman - o filme. E o otimismo é tão grande que, para setembro, já está prevista a estreia de Lego Ninjago (confira a lista de animações a serem lançadas no quadro ao lado), outro episódio de uma rede interligada pela natureza dos personagens, e não por um enredo em comum.
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