Ana Esteves
Os preços do leite ao produtor devem ter aumento de 10%, no segundo semestre de 2018, em comparação com mesmo período do ano passado, quando era cotado em média a R$ 0,86, projeta o Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat).
“Apostamos nesse incremento, e que o valor não deva ficar abaixo de R$ 1,00, pois o câmbio não favorece a importação de leite, as exportações tendem a subir, reduzindo a oferta o que reflete nos preços. Além disso, 2017 foi muito fraco na questão comercial, preços achataram demais, mas não devemos ter valores tão baixos como no ano passado”, disse o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra.
Nos cinco primeiros meses de 2018, houve redução dos preços e uma leve recuperação entre junho e julho, chegando a R$ 1,30, recuperando margem para produtor e aumentar o faturamento da indústria. “Para agosto e setembro prevemos leve queda, por ser épica de pico de produção e aumento da oferta, mas o semestre tende a fechar em alta se comparado com o ano passado”.
A produção de leite no Estado foi de 4,6 bilhões de litros, valor que deve ter aumento de 2% a 3% neste ano. A produção nacional chegou a 33 bilhões de litros. Guerra afirma que as margens permanecem apertadas em 2018 e que o setor teme a aprovação da nova tabela de frete da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que irá dobrar o valor do frete para a indústria.
“Pela tabela antiga, o frete representa 10% do preço do leite. Caso a nova passe a vigorar, passará a 20%, custo muito elevado para a indústria e que refletirá em todos os elos da cadeia produtiva. Acreditamos que a lei de mercado e a livre concorrência devem ser soberana”, disse o diretor executivo do Sindilat, Darlan Palharini. Para ele, o aumento do valor do frete pode inviabilizar a atividade para alguns produtores.
Conforme dados da Emater, nos últimos três anos, mais de 20 mil trabalhadores do setor lácteo abandonaram a produção. A tabela do frete rodoviário foi criada pelo governo federal, pela MP 832, convertida na lei (13.703).O dirigente revelou que algumas empresas estão investindo na compra de caminhões, apostando em frota própria. “Essa é uma tendência que vai mudar o cenário do transporte de leite”.
Palharini disse que, com a greve dos caminhoneiros, 56 milhões de litros de leite não chagaram à indústria. O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de leite do pais, chegando a 4,6 bilhões de litros em 2017, dos quais 60% vão para fora do Estado e 40% para consumo interno.