Os próximos dois anos serão desafiadores para a centenária instituição Asilo Padre Cacique que orgulha os porto-alegrenses e os gaúchos pela sua história de amor e solidariedade. As doações feitas em anos anteriores pela sociedade gaúcha caíram significativamente nos dois últimos anos e não contamos com qualquer ajuda governamental. Se não houver o apoio da comunidade e das grandes empresas corremos o risco de fechar as portas, o que seria trágico.
O déficit financeiro, nos últimos dois anos, foi de mais de R$ 2 milhões e meio. No passado, chegamos a abolir a contribuição de 70% do salário-mínimo que os idosos fazem para ajudar nas despesas. Porém, isso significa apenas R$ 667,80 quando cada um dos moradores representa um investimento de R$ 2,5 mil por mês.
Além disso, seguindo a filosofia do fundador da instituição, o padre baiano Joaquim Cacique de Barros, quem não tem renda nenhuma, além da isenção da contribuição, recebe da instituição valor equivalente a 30% do salário, permitindo, assim, que não se sinta inferiorizado em relação aos demais.
Emociono-me ao lembrar que o projeto da lei que criou o Fundo Municipal do Idoso foi elaborado dentro do Asilo Padre Cacique e hoje beneficia idosos carentes de todo o País. Mas parece que os grandes empresários gaúchos ainda não pararam para pensar que 1% do valor a ser pago a título de Imposto de Renda para a União, com grandes possibilidades de cair no caixa único do governo federal e, quiçá, parar no bolso dos "mensaleiros" ou envolvidos com a Lava Jato, pode ser direcionado para os projetos assistenciais sem qualquer custo para a empresa doadora.
Acalento, ainda, o sonho de construir o Centro de Convivências, no terreno localizado nos fundos do prédio do Asilo, o que possibilitaria receber mais 150 idosos carentes em regime semelhante ao "de creche". O idoso passa o dia na instituição e a noite retorna para o aconchego familiar.
Apresentamos um projeto de aproximadamente R$ 10 milhões, o que garantiria a manutenção da casa por aproximadamente quatro anos, mas o resultado foi decepcionante, uma vez que o empresariado aportou menos de 10% do valor pleiteado. Apesar disso, continuaremos apelando e esclarecendo os futuros doadores. Que Deus nos abençoe e não nos abandone no cumprimento da nossa missão.
Presidente do Asilo Padre Cacique