Não, eu não tenho um caminhão. Acredito que a grande maioria das pessoas que me leem também não têm. Mas, neste atual momento que estamos passando, política e economicamente, acredito que todos também querem protestar.
Desta forma, somos todos caminhoneiros, pois a sensação de que alguém precisava fazer alguma coisa tem pairado no ar há alguns anos e, recentemente, chegou ao seu ápice. Os brasileiros estão cansados de pagar esta pesada carga tributária e receber muito pouco ou nenhum retorno por este dinheiro entregue ao governo. Sejam nas pequenas coisas como estradas mal cuidadas e ruas esburacadas, ou nas grandes, como o descaso com a saúde pública, a dos altos preços que pagamos nas bombas dos postos, cerca de 45% correspondem à carga tributária. Seria até aceitável se houvesse retorno em infraestrutura e desenvolvimento do País. Mas, ao invés disso, vemos cada vez mais casos de corrupção e um desperdício enorme dos recursos públicos. Em um ano, a estimativa é de que a gasolina tenha subido o equivalente a seis vezes a inflação. Num momento de recuperação tímida da economia, cabe a pergunta: quem pode arcar com isso?
A população acaba pagando por má gestão pública, incompetência e falta de comprometimento de pessoas que foram eleitas pelo povo e deveriam atender às suas demandas. Mas, ao invés disso, acabam cada vez mais sobrecarregados pelos impostos que têm por objetivo cobrir rombos em orçamentos públicos. Não é à toa que, em 2017, dobrou o número de brasileiros que optaram por deixar o País. Foram 21,7 mil. Afinal, quem quer ficar pagando estas contas? Por isso, percebemos uma simpatia generalizada pela paralisação dos caminhoneiros. Eles estão fazendo o que muitos gostariam de fazer, mas, por um motivo ou outro, não podem. Então, hoje somos todos caminhoneiros.
Presidente do Sindicato das Seguradoras/RS