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Not�cia da edi��o impressa de 10/04/2018.
Alterada em 09/04 �s 21h16min
O fim da FEE e a fraude
Carlos Henrique Horn
No mesmo dia em que decretou o fechamento da Fundação de Economia e Estatística (FEE), uma das mais importantes instituições de pesquisa sobre economia do Brasil e produtora de análises e dados de alta qualidade sobre a realidade gaúcha, o governador Sartori também celebrou contrato de R$ 3,255 milhões por ano com fundação privada de São Paulo. O contrato promete a realização de pesquisas socioeconômicas e a produção de estatísticas. Em declarações à imprensa, membros do governo informaram que a contratada calculará o PIB gaúcho e o não menos importante Idese, além de realizar análises do mercado de trabalho tal como fazia a encerrada Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da FEE/Fgtas/Dieese.
O contrato com a Fipe é uma fraude, como assinalou um dos maiores entendidos em contas regionais, o economista Adalberto Maia Neto. Não há como calcular o PIB - não falamos de um arremedo de PIB ou de índices antecipatórios já produzidos por outras instituições - sem os dados primários a que apenas entes públicos têm acesso. Não havendo PIB, não se calcula o Idese. Tampouco existe qualquer proximidade entre o levantamento rigoroso de dados em 2.500 domicílios que a PED realizava regularmente desde 1992 e esta genérica "análise de mercado de trabalho" que muito provavelmente nossos estudantes em cursos de Economia do RS fariam de bom grado e a baixíssimo custo. Todos os que se uniram para liquidar as fundações públicas de investigação científica e desenvolvimento tecnológico do RS concorrem no esforço para nos vetar um futuro decente - do governo aos deputados estaduais que aprovaram a legislação e às malfadadas agendas ideológicas e suas consultorias que anseiam por abocanhar o dinheiro que se promete poupar. Neste tempo sombrio para o conhecimento científico, resta-nos continuar a esgrimir o argumento racional e buscar preservar a capacidade técnica de cada pesquisador da FEE na esperança de que, cumprida a Constituição, tentemos retomar o passo do desenvolvimento no próximo verão.