No dia três de abril, foi importante nos darmos conta de uma característica muito representativa do Brasil. Nós não temos o dom e a ousadia para planejar. Projetar o futuro não é uma das características mais apreciadas por aqui. Temos uma tendência maior por aquilo que é instantâneo, sem avaliar como esta escolha impactará nossas vidas. Mas por que é refletir sobre este tema nesta data? Porque 3 de abril é o Dia do Atuário, o profissional responsável por pensar o futuro e medir os riscos relativos à atividade previdenciária, da operação de planos de saúde e de seguros.
Todas estas são atividades intimamente conectadas ao planejamento, projeção e análise de incertezas futuras. Entre as manchetes dos jornais, não é difícil encontrar artigos destacando como falta aptidão para construir um futuro adequado aos nossos interesses.
Vemos que a Previdência tem problemas em se manter sustentável diante da longevidade da população, que as operadoras de planos de saúde necessitam aumentar sua receita para serem viáveis com a queda do número de beneficiários, obras projetadas para a copa de 2014 que ainda não foram terminadas.
São vários os exemplos que mostram a nossa resistência em projetar e cumprir o planejamento a ponto de atingirmos nosso objetivo. Esta dificuldade em relação ao futuro não se limita às empresas e ao governo, observa-se também nas decisões pessoais. Basta lembrarmos as seguintes manchetes: "Mais de 60 milhões de brasileiros estão com dívidas", "mais da metade dos brasileiros está acima do peso", "um a cada três casamentos termina em divórcio no Brasil". Não somos, no momento, a terra mais propícia para desfrutar de um futuro ou presente sem sobressaltos. Os entraves que nos são postos não impedem, devemos planejar mais, detalhadamente e com aderência à nossa realidade.
A Ciência Atuarial é uma profissão pouco conhecida Brasil, mas isso não se deve a sua pouca importância. É o resultado da falta de apreço pelo planejamento.
Atuário e perito judicial