Olhar para cima. O céu, sem limite, é visto desde os primórdios da raça humana. Em noite limpa, mostra o cintilante espetáculo dos astros. Talvez desde sempre, com nossos ancestrais, vencidos da luta sobrevivente, permitiram-se ao brilho dos confins do éter. A notícia a respeito do esforço técnico do consórcio de países europeus e dos EUA, de enviar nave tripulada até Marte, encantou a comunidade científica. O objetivo é colonizar o planeta, o quarto do sistema solar. A primeira missão será apenas de ida. Assunto pouco divulgado no jornalismo especializado, acrescenta: há fila de homens e mulheres selecionados, aguardando resultado final à viagem ao mundo desabitado.
Mais recente, do encarte de informação da excitante Odisseia, apareceu diminuta nota, divulgando aparição de engenho absolutamente inusitado. Robusto e de tecnologia avançada aos padrões, em estágio de fase de aperfeiçoamento, uma inédita sonda espacial foi desenvolvida. O engenho não é o telescópio da geração pós-Hubble, mas um aparato técnico destinado a viajar até as imediações do Sol, adentrá-lo e, depois, enviar fotos e mensurações jamais realizadas pelo homem. Pouco noticiado, a alta ciência astronômica, junto à física da partícula e do estado da matéria, há alguns anos, se confrontou às excêntricas alterações da coroa solar, das manchas e do jorro de componentes de sua massa expelida no espaço imediato ao campo gravitacional da estrela, sem possibilidade de previsão. Com magnitude, será nossa primeira viagem ao Sol, ao menos no que respeite o tema proximidade. A ser feita por aparelho especialmente construído para suportar radiações e variáveis de energia nunca cogitadas pela civilização. O destino do futuro Ícaro sem asas de cera será o de esclarecer, em parte, as bruscas mudanças climáticas da Terra, nossas próprias alterações biológicas, as novas formas de mutação e o degelo glacial e antártico.
Advogado