Brasil. Campeão do mundo em quantidade de água doce. Detém 12% de toda a água superficial de rios do Planeta. Somado aos três maiores mananciais subterrâneos da Terra, os aquíferos Guarani (com 45 mil km2 de água doce), de Alter do Chão (86 mil km2) e Amazônico (162 mil km2), o País detém um tesouro imensurável. Para se ter uma ideia do potencial hídrico nacional, apenas o Aquífero da Amazônia, o maior que se tem conhecimento no globo, poderia abastecer, por 250 anos, 7 bilhões de pessoas, com expectativa de vida de 60 anos e consumindo, cada uma, cerca de 150 litros de água por dia. Esta exuberante riqueza natural, que poucos brasileiros têm conhecimento, obviamente atrai os mais distintos e, por que não, obscuros interesses do Planeta. Nesta semana, estamos no epicentro de uma grande discussão global sobre a água, que perpassa por propostas nos âmbitos municipal, estadual e federal. Ocorrem em Brasília dois importantes eventos: o Fórum Mundial da Água e o Fórum Alternativo Mundial da Água. Neste contexto dicotômico, que transita entre a mercantilização e compartilhamento da água e seu acesso público e universal, temos uma equação complexa a resolver.
Faltam recursos públicos, saneamento básico não é prioridade da maioria esmagadora das administrações e nós, brasileiros, não fazemos o dever de casa: destruímos nascentes e mananciais hídricos jogando lixo, desmatando as margens dos rios e contaminando as águas com agrotóxicos e esgoto; e temos o hábito generalizado do desperdício. Neste Dia Mundial da Água, deixo aqui o alerta divulgado pela Unesco esta semana: em 2050, cerca de 5 bilhões de pessoas viverão em áreas com baixo acesso à água caso o padrão de uso do recurso não seja alterado.
Todos precisamos trabalhar com seriedade e transparência para ostentar a melhor forma de usar a água e não apenas nossa abundância hídrica.
Vereador (PMDB) de Porto Alegre