Quarenta e sete anos de atuação em formação profissional. Esse é apenas um dos legados da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, que disponibiliza cursos voltados para a área industrial e que contabiliza cerca de 3.500 alunos matriculados.
Voltada para o ensino profissional de nível técnico, atualmente a Liberato possui cursos diurnos e noturnos. Os diurnos são integrados com o Ensino Médio, duram quatro anos e exigem 720 horas de estágio supervisionado em empresas. As possibilidades de atuação são nas áreas de Química, Mecânica, Eletrotécnica e Eletrônica. Já os cursos noturnos são subsequentes ao Ensino Médio, têm duração de cinco semestres e também pedem 720 horas de estágio. As especializações oferecidas são as mesmas que os cursos diurnos, mais Segurança do Trabalho, Automotivo e Design.
A Liberato é pública, mantida pelo governo do Estado. Originou-se de um governo tripartite, unindo esforços do Ministério da Educação, do Estado e da prefeitura de Novo Hamburgo. “É uma instituição de educação profissional, que já começou muito relacionada com o setor produtivo”, comenta o diretor executivo Leo Weber.
O primeiro curso criado foi o de Química, motivado pela implantação do Polo Petroquímico em Triunfo. “Ao longo desses anos, os cursos técnicos sempre foram criados tendo relação com o desenvolvimento da economia do Estado. O segundo e o terceiro cursos, por exemplo, foram de Eletrotécnica e Mecânica, com a intenção de fortalecer a indústria básica da região. Na década de 1980, houve a crise na indústria calçadista e criamos as aulas de Eletrônica”, explica Weber. Outros cursos iniciados na década de 1980 foram os de Segurança do Trabalho e Automotivo, ligados ao começo da indústria automotiva nos arredores. Mais recentemente, em virtude das demandas, foram abertos os cursos de Design e Informática. “Hoje, há uma demanda muito grande de aprendizagem nessa área”, destaca o diretor executivo.
Produção de trabalhos científicos é destaque
O que orienta o “fazer educacional” da Liberato, segundo Leo Weber, é seu projeto político-pedagógico. “Esse é o nosso grande diferencial. Buscamos a formação integral dos alunos, que passam por uma formação também de cidadania e humanidade. Procuramos articular atividades que façam o estudante aprender a pensar”, afirma. Eventos como festival de teatro, música, concurso de crônicas e poesia são promovidos com essa finalidade pela instituição.
A ideia é oferecer uma formação científica e tecnológica forte, mas aliada a uma formação plural. Assim, desde o início dos estudos, os alunos participam de projetos de pesquisa, utilizando a metodologia científica como ferramenta. “Esses trabalhos são realizados com os professores, em grupo, buscando resolver problemas do cotidiano. Soluções criativas, inovadoras, sustentáveis e éticas”, define o diretor executivo.
A formação plural proposta pela Liberato causaria mudança no comportamento das pessoas. “Ela faz com que o aluno tenha proatividade, busque soluções para os problemas e não seja apenas mais um que reclama, mas aceita. O nosso estudante quer mudar sua vida para melhor, e isso é fundamental. Essa busca por uma solução é 99% transpiração. É um caminho longo, mas dá uma perspectiva para a solução e ensina a importância de trabalhar em grupo e ser proativo”, pondera Weber.
Conforme o diretor executivo, a Liberato foi uma das primeiras instituições de Ensino Médio do Brasil a se voltarem para a educação profissional como ferramenta pedagógica. “Não se pode dissociar o ensino da ciência a nenhum nível de ensino. Com ela, o aluno se motiva, cria um brilho nos olhos para solucionar os problemas. Isso faz toda a diferença, muda a relação do professor com o aluno. O professor deixa de ser somente aquele que está ensinando, mas também aquele que interage”, ressalta. Anualmente, cerca de 500 trabalhos de conclusão de curso são feitos no Liberato. O objetivo é aprofundar algum tema, que vai desde o estudo de um princípio já desenvolvido até a busca de soluções inovadoras. “Nesse percurso de procura de soluções através de um método científico, surgem talentos que nem imaginávamos que existissem, porque o aluno escolhe um tema de que goste, não é só uma repetição do que ouve em sala de aula”, diz Weber.
De acordo com levantamento da instituição, mais de 80% dos egressos da Liberato são empregados na área em que se formam. Além disso, em torno de 60% continuam os estudos naquela área em um curso superior. “Muitos trabalhos que começam aqui têm prosseguimento, seja como microempresas, produtos ou pesquisas em universidades”, enfatiza o diretor executivo.