Uma marca 100% sem legado
A Amaro, loja de moda feminina, presente há sete anos no País, chegou com a proposta de ser um varejo diferente dentro do mercado nacional. Em 2015, a marca lançou as suas guide shops, ambientes onde clientes podem provar e conferir presencialmente roupas e acessórios. A compra, no entanto, segue sendo feita on-line e entregue na casa da consumidora.
Presente há pouco mais de um mês em Porto Alegre, a empresa apostou no mercado gaúcho por estudar os dados das clientes e perceber que a Capital concentrava boa parcela de seu público consumidor. O suíço Dominique Oliver, cofundador da grife, conta nesta entrevista sobre a trajetória do negócios, os desafios de empreender no País e o futuro da loja.
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GeraçãoE - Qual o foco da Amaro?
Dominique Oliver - Começamos com um conceito 100% sem legado, focado no cliente, não só na indústria. Nos perguntamos: "como podemos começar a melhor empresa de tecnologia de dados que vende moda?". Somos uma empresa inteligente, que usa dados, principalmente os dos nossos clientes. Temos uma integração vertical desde estilo até a logística. Acreditamos que, através da desintermediação dessa cadeia transicional, estamos conseguindo trazer um produto de uma qualidade maior por um preço mais baixo.
GE - Como a Amaro se comunica no ambiente digital?
Dominique - O relacionamento de muitos players com os clientes é somente transicional. A gente busca trabalhar o emocional. Se analisar nossas redes sociais, vai perceber uma comunicação muito mais friendly, mais fresh, mais autêntica. A gente aborda muitos assuntos que tem relevância para as mulheres. Vivemos tempos complexos e é nosso papel como marca nos posicionar por um futuro melhor.
GE - Quais os desafios de ser um dos primeiros guide shops do Brasil?
Dominique - O primeiro já é a explicação do conceito de guide shop, que não é uma loja. Temos que falar para nosso público: "Ei, nós vamos te trazer um nível ainda maior de conveniência, vamos entregar na sua casa em vez de você ter que sair com a sacola". A gente pensa muito, também, que os guide shops são similares ao nosso site em termos de merchandising, produtos expostos, a comunicação, os cenários. Ter o on-line e o off-line sincronizados é um desafio. O on-line é muito rápido, sempre com produto em escala diária. Então, o guide shop precisa se manter em um ritmo acelerado. Mas as pessoas já se acostumaram. Algumas entram e compram sem precisar de nenhum tipo de ajuda.
GE - Internacionalização da marca, o que esperar? E a expansão nacional?
Dominique - Por enquanto, estamos muito focados no Brasil. É um mercado enorme e a Amaro ainda tem um share pequeno. Tentamos seguir as clientes que compram no on-line para a expansão dos guide shops. Sabíamos que em Porto Alegre tínhamos muitas. Mas não há metas para expansão. Nosso pensamento é muito ágil. Em um plano muito longo pode mudar o cenário.
GE - Que problemas tu tiveste que resolver no empreendedorismo, Dominique?
Dominique - No início, no processo de fundar uma empresa, tem muitas frentes em que você quer agir. Moda, branded, tecnologia, logística. Fazer tudo no mesmo momento requer estabelecer prioridades. Todo empreendedor passa por isso. Você está gastando suas 12, 14 horas por dia no assunto certo? A cadeia da moda é muito tradicional. No caso da Amaro, a gente trabalhou desde o começo para levar aos shoppings, aos clientes e à imprensa, o que é o nosso conceito e como ele se difere. As pessoas duvidavam muito. Se pensava muito em como vender moda on-line.
GE - Qual o conselho para quem quer empreender?
Dominique - Pensa grande, tenta pensar fora da caixa. Os melhores modelos de negócio não são simplesmente replicar o off-line para o on-line. A economia brasileira ainda tem muitas empresas e empregos baseados em conectar clientes com empresas de um jeito tradicional. Sinto que a gente está bem no início do uso da internet para isso, então dá para explorar.
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