Porto Alegre, quinta-feira, 19 de dezembro de 2019.

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Perspectivas 2020

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elei��es

Not�cia da edi��o impressa de 19/12/2019. Alterada em 19/12 �s 03h00min

Porto Alegre deve ter n�mero recorde de candidaturas em 2020

Desde 1985, porto-alegrenses puderam novamente escolher pelo voto direto o prefeito da Capital

Desde 1985, porto-alegrenses puderam novamente escolher pelo voto direto o prefeito da Capital


JEFFERSON BERNARDES/PMPA/JC
Diego Nu�ez
Nas eleições de 2020, os eleitores de Porto Alegre podem ter que escolher entre um número recorde de candidaturas para a prefeitura da Capital. O cenário político indica que 21 partidos têm disposição de apresentar nomes ao Paço Municipal para a disputa eleitoral de outubro do ano que vem. Caso a expectativa se confirme, apesar das negociações ainda em curso, essa seria a eleição com o maior número de candidatos da história da cidade.
Nas eleições de 2020, os eleitores de Porto Alegre podem ter que escolher entre um número recorde de candidaturas para a prefeitura da Capital. O cenário político indica que 21 partidos têm disposição de apresentar nomes ao Paço Municipal para a disputa eleitoral de outubro do ano que vem. Caso a expectativa se confirme, apesar das negociações ainda em curso, essa seria a eleição com o maior número de candidatos da história da cidade.
Desde 1985, com a redemocratização, os porto-alegrenses puderam novamente escolher pelo voto direto o prefeito da Capital. De lá para cá, a eleição com número recorde de candidaturas foi a de 1996, com 12 concorrentes. O pleito de 2000 teve 11 concorrentes e o de 1992, 10. Em 1985, 1988, 2004, 2008, 2012 e 2016, o número de candidatos não passou de nove.
Há algumas circunstâncias que influenciam a pulverização de candidaturas em 2020. Um dos elementos diz respeito à política nacional, que, na eleição de 2018, fez uma transição entre um projeto mais alinhado à esquerda - com a chapa PT-MDB, eleita em 2014 - e uma candidatura de direita, com a vitória de Jair Bolsonaro (então, PSL). Muitos partidos veem na instabilidade política uma oportunidade de crescimento - seis novas siglas, por exemplo, surgiram desde os protestos de junho de 2013.
Contudo, o que mais contribui para uma possível elevação no número de candidaturas é uma alteração na regra eleitoral: 2020 será o primeiro ano em que ficarão vedadas as coligações nas proporcionais. Os candidatos a vereador não poderão construir alianças, pois o voto para conquistar cadeiras nas câmaras municipais será direcionado exclusivamente ao partido e ao candidato.
Diversos líderes partidários relataram ao Jornal do Comércio mudanças na estratégia. Partidos de menor expressão costumavam negociar apoios aos candidatos à prefeitura em troca de aliança nas candidaturas à Câmara; agora, a tática poderá ser lançar um nome à prefeitura para puxar votos para construir uma bancada no Legislativo.
Isso se soma ao endurecimento da cláusula de barreira - uma margem que os partidos precisam alcançar em eleições para continuar recebendo uma fatia do fundo partidário, que é a base de sustentação de várias siglas. Assim, existe a necessidade para certas legendas de fazer votações no ano que vem.
Essas alterações nas regras eleitorais, inclusive, já geraram resultados claros: neste ano, três, dos então 35 partidos do Brasil, foram extintos - o PPL se incorporou ao PCdoB; o PRP, ao Patriota; e o PHS, ao Podemos.
O cientista político Paulo Sérgio Peres avalia que as siglas terão que buscar caminhos para a sobrevivência. Segundo ele, "sem as coligações, tira-se essa jogada estratégica que os pequenos tinham para pegar carona com os partidos médios e grandes para serem eleitos". E lembra: "Partidos pequenos, se lançassem candidatos sozinhos, não conseguiriam fazer o coeficiente eleitoral da distribuição de cadeiras". Essas legendas de menor expressão terão que "combinar duas lógicas diferentes de competição, e a candidatura para o cargo Executivo ajuda a eleger uma bancada", conclui.
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Direita apresenta multiplicidade de candidaturas

Após expressiva vitória nas urnas em 2018, marcada pela conquista do Palácio do Planalto, os partidos de direita e centro-direita se preparam para 2020. A maior parte das siglas pretende lançar candidatura própria.
Eleito em 2016 com 60,5% dos votos válidos no 2º turno, o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) evita falar em reeleição e só deve assumir a candidatura em 2020. Sua gestão enfrentou dificuldades com o Legislativo - o prefeito só conseguiu aprovar seus principais projetos no terceiro ano de governo.
"É um fator que leva a pensar se será necessário ganhar a eleição. Tenho certeza que os vereadores que aprovaram essas reformas não gostariam de entregar a um grupo político que vai desfazer tudo", disse o tucano em uma palestra a empresários.
Marchezan foi eleito com o vice Gustavo Paim (PP), que deve, porém, ser seu adversário em 2020. O vice-prefeito é pré-candidato desde junho. PSDB e PP vivem uma guerra política, que resultou na ruptura dos partidos do vice e do prefeito.
O MDB chegou a ter cinco nomes cogitados ao Paço, mas as opções, hoje, são duas: Cezar Schirmer e Sebastião Melo. Esse último - que chegou ao 2º turno em 2016 contra Marchezan e foi eleito deputado estadual em 2018 - é o mais bem cotado no momento. Schirmer foi recentemente nomeado para um cargo no Ministério da Cidadania.
O presidente estadual do MDB, Alceu Moreira, no entanto, já avisou que "ocupar cargo público não é um impeditivo", e a tendência é que o MDB realize prévias internas para a definição.
O PTB, desde 2016 leal ao prefeito Marchezan nas votações na Câmara, pode acabar sendo outro adversário do tucano. O partido trabalha para o reforço da bancada no Legislativo e, para isso, pode lançar o deputado federal Maurício Dziedricki. O PTB, porém, não descarta uma nova aliança com Marchezan, mas "o cenário, hoje, é de candidatura própria, com foco na legenda" do Parlamento, disse o presidente municipal, Everton Braz.
O primeiro partido a colocar pré-candidatura ao Paço foi o DEM. Em abril, o deputado estadual e ex-vereador Thiago Duarte já falava em entrar na disputa. Crítico de Marchezan nos tempos de Câmara, diz que o DEM não abre mão de candidatura própria.

Restri��o a coliga��es faz siglas menores apostarem na majorit�ria

Com a restrição das novas regras para a formação de coligações proporcionais, partidos menores têm focado em formar chapa própria ao Paço para garantir visibilidade aos candidatos a vereador. O Cidadania (ex-PPS) aposta na deputada estadual Any Ortiz. Um dos cinco candidatos que se colocou à disposição do MDB foi Valter Nagelstein, mas um acerto é cada vez mais improvável. O vereador, que não pensa em desistir da disputa, pode viabilizar seu nome pelo PSD.
O PRB (hoje, REP), que sempre teve bom resultado com as proporcionais, quer manter ou aumentar a bancada - hoje, de dois membros. Para isso, pretende lançar a prefeito o secretário de Esporte e Lazer do Estado, João Derly, ou o deputado federal Carlos Gomes. Presidente do PSL gaúcho, Nereu Crispim disse que, mesmo com a desfiliação de Jair Bolsonaro, a sigla continuará com a missão de se fortalecer no Estado. Na Capital, o nome é Ruy Irigaray, atual secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo.
Quatro deputados gaúchos devem migrar à Aliança pelo Brasil, novo partido de Bolsonaro: Bibo Nunes e Ubiratan Sanderson, federaisl; e tenente-coronel Zucco e Vilmar Lourenço, estaduais. A sigla ainda não foi reconhecida pela Justiça.
O Novo busca, por processo seletivo, um nome fora da política tradicional, mas a opção mais concreta é o vereador Felipe Camozzatto. O Solidariedade (SD) pode lançar o ex-secretário municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação André Barbosa. O deputado estadual Rodrigo Maroni disputaria pelo Podemos. O PSC indica o líder comunitário Marco Della Nina.

N�mero de candidatos na corrida ao Pa�o Municipal desde a redemocratiza��o


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Esquerda tenta articular unidade de for�as

Os partidos alinhados à esquerda e à centro-esquerda traçam estratégias para fazer frente à derrota nacional em 2018. Ainda que o objetivo seja viabilizar uma frente ampla e única para barrar a política liberal-conservadora do presidente Jair Bolsonaro e marcar posição contra o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB), vários nomes já orbitam no cenário eleitoral.
O PT, que governou a Capital entre 1989 e 2004, tem evitado definir nomes. Acusado por parte do seu próprio campo de ser hegemonista, pode ver siglas como PSOL e PDT abandonando as negociações por uma frente ampla caso pressione por um nome na chapa. A presidente municipal do PT, Maria Celeste, não fala em nomes agora para não prejudicar o "diálogo". Mas, no PT, três se destacam: os deputados federais Maria do Rosário - a mais mencionada - e Henrique Fontana, e o ex-vice-governador Miguel Rossetto. Há um certo consenso no partido em apoiar o nome de Manuela d'Ávila (PCdoB) caso seu vice seja um petista.
Manuela se reuniu com o PSOL e o PT, separadamente. A ex-vice na chapa presidencial de Fernando Haddad (PT), em 2018, é vista com bons olhos pela maioria dos partidos do campo de esquerda, mas o PCdoB diz que "não está preocupado com nomes. A preocupação é com a unidade de centro-esquerda. Uma convergência de programa, de unidade, e de resistência ao desmonte do País pelo Bolsonaro", declarou o presidente estadual da sigla, Juliano Roso.
Juliana Brizola (PDT) também se coloca na disputa em Porto Alegre. Os pedetistas seguem uma orientação nacional de ter candidatura própria nas grandes cidades para alavancar o nome de Ciro Gomes para a eleição presidencial de 2022. O diretório municipal do PSB decidiu que a sigla terá candidatura própria. Vereador e presidente municipal da sigla, Airto Ferronato acredita que "o tempo é de protagonismo", mas admite que "frente ampla é uma possibilidade". Ferronato colocou o seu nome à disposição. A sigla também pode lançar o ex-deputado Beto Albuquerque.

Pr�vias com consulta � popula��o podem ser op��o para fechar chapa

Caso PCdoB, PDT, PSB, PSOL e PT não consigam acordo para definir uma chapa única de esquerda, uma hipótese é fazer prévias abertas. A proposta ainda está sendo gestada, mas a ideia seria que cada partido lançasse um candidato, e os dois nomes mais votados pela população formariam uma chapa a prefeito e a vice.
Partiu do PSOL a sugestão da organização de prévias abertas para "permitir um canal de comunicação com um setor da sociedade", como diz a presidente estadual, Camila Goulart. A indicada do PSOL é a deputada federal Fernanda Melchionna, que foi a vereadora mais votada da Capital em 2016, com quase 15 mil votos.
As lideranças do PCB reconhecem a dificuldade de uma candidatura avulsa. Mari Rodrigues, que disputou a Assembleia em 2018, porém, destaca que, para "garantir a independência, lançaremos pré-candidatura" - com ela mesma ou, mais possivelmente, com o ex-candidato ao Senado em 2018 Cléber Soares.
Presidente estadual do PSTU, Julio Flores poderá enfrentar sua 12ª candidatura a cargos de Executivo. O PV deve concorrer e, "uma vez confirmada a candidatura própria, a campanha não dialogará com lógica da política tradicional", disse o presidente estadual Márcio Souza. Hoje, o nome do PV é Montserrat Martins, que concorreu ao Palácio Piratini em 2010.
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